Alta na arroba do boi deve continuar, mas guerra comercial acende alerta para o setor

Tensões entre EUA e China favorecem Brasil, mas risco de recessão global preocupa

- Da Redação, com Canal Rural
14/04/2025 08h58 - Atualizado há 1 dia
Alta na arroba do boi deve continuar, mas guerra comercial acende alerta para o setor
Foto: Raquel Brunelli D Avila / Embrapa

O mercado físico do boi gordo no Brasil voltou a registrar uma semana de valorização nos preços da arroba, impulsionado por uma combinação de fatores internos e externos. A demanda aquecida no mercado doméstico, aliada ao encurtamento das escalas de abate nos frigoríficos, colaborou para sustentar a tendência de alta nas principais praças pecuárias do país.

Segundo o analista Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, os primeiros quinze dias de abril foram marcados por um bom ritmo de comercialização, o que ajudou a manter a arroba em elevação. Essa dinâmica também foi influenciada pelo cenário internacional, especialmente pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

O Brasil, maior exportador global de carne bovina, pode se beneficiar diretamente desse embate. Com a intensificação da guerra comercial e a imposição de tarifas por parte do governo norte-americano sobre produtos chineses, a carne brasileira ganha espaço no mercado asiático, sobretudo na China — principal destino das exportações brasileiras do setor.

Contudo, Iglesias faz um alerta - embora o momento seja favorável, os benefícios podem ser limitados ao curto prazo. A continuidade das tensões entre as duas maiores economias do mundo pode afetar o ritmo da atividade econômica global, ampliando o risco de uma recessão. Esse cenário pressionaria os custos de produção em toda a cadeia pecuária, afetando margens e investimentos.

Preços escalam

Nas praças brasileiras, a valorização da arroba foi generalizada. No fechamento do dia 10 de abril, São Paulo registrava R$ 330 por arroba, uma alta de 3,17% em relação à semana anterior. Em Goiás, a cotação subiu 4,84%, chegando a R$ 325. Em Minas Gerais e Mato Grosso, os preços foram a R$ 320, com aumento de quase 5%. Em Rondônia, a valorização foi ainda mais expressiva: 5,45%, com a arroba alcançando R$ 290.

O mercado atacadista também refletiu o movimento de alta, estimulado pela entrada dos salários no início do mês e pela expectativa de maior consumo durante os feriados de Páscoa e Tiradentes. O quilo do quarto traseiro foi cotado a R$ 26, avanço de 1,96%, enquanto o quarto dianteiro subiu 2,70%, alcançando R$ 19 o quilo.

As exportações seguem firmes e podem bater recorde em 2025. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, nos primeiros quatro dias úteis de abril, 37,42 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada, com receita de US$ 185,19 milhões — média diária de US$ 46,29 milhões. Em relação ao mesmo período de 2024, houve aumento de 8,2% no valor médio diário exportado, mesmo com leve queda de 0,9% na quantidade média.


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