Cerca de 190 máquinas agrícolas tomaram as ruas de Adustina, no interior da Bahia, nesta sexta-feira (11), em um protesto conhecido como “tratoraço”. O ato reuniu agricultores dos estados de Sergipe, Alagoas e Bahia, que compõem a região da SEALBA — importante fronteira agrícola do Nordeste — em defesa do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).
A mobilização faz parte do movimento nacional #VamoSalvarOProagro, e tem como foco as recentes mudanças no programa, que, segundo os produtores, encarecem o seguro rural, reduzem a cobertura e comprometem a viabilidade da produção de milho na região.
As novas regras elevaram as alíquotas de 8% para até 23%, reduziram o limite de contratação do Proagro tradicional de R$ 335 mil para R$ 270 mil e passaram a limitar a cobertura a apenas 50% do valor assegurado em áreas com risco climático superior a 40%, comum no semiárido nordestino.
“Com essas mudanças, está ficando inviável continuar. Pagamos mais caro e recebemos menos em caso de perda”, criticou o produtor Gleiton Medeiros. Ele afirma que, em municípios como Jeremoabo (BA), o produtor pode pagar 23% de seguro e ter direito a apenas 30% da indenização por causa de fatores de correção aplicados à cobertura.
Outro ponto polêmico é a proibição da contratação do Proagro para áreas localizadas em mais de um município — prática comum na região devido ao alto custo da terra e à necessidade de arrendamentos em cidades vizinhas.
Com cerca de 300 mil hectares dedicados ao milho apenas na SEALBA, as mudanças já começam a impactar a área plantada. A estimativa dos agricultores é de uma redução de até 50% na próxima safra, além de aumento no endividamento e abandono da atividade nos próximos ciclos, caso as regras não sejam revistas.
O protesto contou com a presença do prefeito de Adustina, Juninho Professor, do secretário estadual de Desenvolvimento Rural da Bahia, Osni Cardoso, e de lideranças locais e rurais de mais de dez municípios. Brisa Luana Correia, presidente da Câmara Municipal de Adustina, destacou que a manifestação é legítima: “Estamos falando do sustento de milhares de famílias do semiárido. Essa luta é urgente e necessária.”
Além de Adustina, o tratoraço teve participação de produtores dos municípios baianos de Cícero Dantas, Sítio do Quinto, Paripiranga, Fátima, Jeremoabo, Pedro Alexandre, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Novo Triunfo e Antas, além das cidades sergipanas de Poço Verde, Poço Redondo e Carira.