13/09/2024 às 10h11min - Atualizada em 13/09/2024 às 10h11min

​Alta no preço do boi gordo reflete aquecimento da demanda e aperto nas escalas de abate

Consumo fortalecido pela recuperação econômica e exportações robustas impulsionam valor da arroba

- Da Redação, com Canal Rural
Foto: Reprodução
O mercado físico do boi gordo voltou a registrar elevações nos preços nesta quinta-feira (12), refletindo um cenário de forte demanda tanto no mercado interno quanto nas exportações. A combinação de escalas de abate apertadas em diversas regiões do país com o consumo aquecido tem sido um dos principais fatores para a alta nas cotações.

Analistas indicam que essa tendência pode se manter no curto prazo, especialmente com a aproximação do final do ano, quando o consumo de carne bovina tende a aumentar. Além disso, de acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, a alta taxa de ocupação no mercado de trabalho brasileiro está desempenhando um papel crucial no fortalecimento do consumo de proteínas de origem animal.

"Com mais pessoas empregadas, há um incremento na renda disponível, o que favorece o aumento do consumo de carne bovina. Esse cenário, aliado à forte demanda por exportações, principalmente para mercados asiáticos, como a China, sustenta as expectativas de preços elevados até o último bimestre do ano", explica Iglesias.
 
Escalas de abate apertadas e exportações aquecidas
Outro fator que colabora para a elevação dos preços é o aperto nas escalas de abate. Em muitas regiões, os frigoríficos têm encontrado dificuldades para garantir uma oferta constante de animais prontos para o abate, o que pressiona os valores da arroba. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, o preço da arroba atingiu R$ 257,27, uma das maiores cotações do país. Em São Paulo, maior polo consumidor, o valor chegou a R$ 255,33.
 
Os estados de Goiás e Minas Gerais também registraram aumentos, com os preços da arroba sendo cotados a R$ 246,79 e R$ 246,18, respectivamente. Em Mato Grosso, um dos maiores produtores nacionais, o preço ficou em R$ 224,80, valor abaixo da média nacional, mas ainda assim em alta.
 
Mercado atacadista: estabilidade e competitividade
No mercado atacadista, os preços da carne bovina mostraram estabilidade, mas há expectativa de novos ajustes no curto prazo, em virtude da forte demanda verificada na primeira quinzena de setembro. Entretanto, há preocupações em relação à competitividade da carne bovina em comparação com outras proteínas de origem animal, especialmente o frango, que continua sendo uma alternativa mais acessível para os consumidores.
 
Atualmente, o quarto traseiro segue cotado a R$ 19,50 por quilo no interior de São Paulo, enquanto o quarto dianteiro está em R$ 14,75 o quilo. Já a ponta de agulha permanece no patamar de R$ 15 o quilo. Apesar da estabilidade, o setor permanece atento às movimentações de consumo e aos impactos da inflação sobre o poder de compra dos consumidores.
 
Câmbio e impacto nas exportações
Outro ponto relevante no cenário é o câmbio. O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,56%, sendo negociado a R$ 5,6171 para venda. A oscilação cambial, que variou entre R$ 5,6147 e R$ 5,6761 ao longo do dia, impacta diretamente o mercado de exportação de carne bovina. A queda no valor do dólar tende a diminuir a competitividade da carne brasileira no mercado externo, mas a demanda internacional, especialmente da Ásia, tem garantido um fluxo de exportações consistente.
 
Com os frigoríficos priorizando as vendas externas e as escalas de abate ajustadas, o mercado de boi gordo deve continuar em alta nas próximas semanas, trazendo impactos diretos para os preços no atacado e, possivelmente, no varejo, à medida que a procura por carne bovina se intensifica no Brasil e no exterior.
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