O custo de produção da laranja na safra 2025/26 em São Paulo, estado responsável por mais de 70% da produção nacional, teve aumento de até 16% por hectare, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A alta é atribuída principalmente ao aumento dos gastos com colheita, frete e defensivos agrícolas usados no combate ao greening e ao cancro cítrico.
Segundo o pesquisador Renato Garcia Ribeiro, o estudo do Cepea considera dois perfis de propriedades: uma irrigada, no norte paulista, e outra de sequeiro, mais ao centro-sul do estado. Embora os custos variem conforme as condições de manejo, Ribeiro destaca que o aumento nas despesas com colheita e transporte é uma constante nas últimas oito safras.
O greening, uma das doenças mais devastadoras da citricultura, tem exigido um controle cada vez mais intensivo. “Há lavouras adultas com até 40 aplicações de defensivos por ano, e em áreas em formação esse número pode passar de 50”, alerta Ribeiro. Já o cancro cítrico, segundo consultores que participam do estudo, tem dado "bastante trabalho" para o controle em 2025.
Apesar da pressão dos custos, o cenário de produção é otimista. A expectativa, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), é de uma colheita de 314,6 milhões de caixas nesta safra, o que representa maior rendimento ao produtor. Em 2024, os preços mais altos ajudaram a manter o caixa em dia e permitiram um manejo mais eficaz, o que ajudou a conter o avanço das doenças, mesmo com o greening já presente em quase metade do cinturão citrícola paulista.
No entanto, o mercado está mais lento. Diferente do ano passado, quando contratos entre produtores e indústria já estavam bem encaminhados nesta época, a comercialização está em ritmo moroso. O motivo, segundo Ribeiro, é que se trata de uma safra mais tardia, o que tem levado ambas as partes a esperar mais antes de fechar negócios.