O Brasil deverá cultivar 2,835 milhões de hectares com trigo na safra 2025, uma redução de 4,1% em relação ao ciclo anterior, conforme projeção da Safras & Mercado divulgada nesta sexta-feira (9).
Apesar da menor área plantada, a produção nacional está estimada em 9,125 milhões de toneladas, volume 17,4% superior ao registrado em 2024. O cenário reflete ganhos de produtividade esperados nas principais regiões produtoras.
Segundo análise de Elcio Bento, da Safras & Mercado, as intenções iniciais de plantio apontavam para expansão da área trigo, impulsionadas por expectativas de melhores preços e condições climáticas favoráveis.
No entanto, três fatores principais levaram à revisão para baixo das estimativas - perdas acumuladas por eventos climáticos em safras recentes, maior atratividade de culturas alternativas como milho safrinha e sorgo e restrições financeiras em regiões que sofreram quebras na safra de verão.
O mercado doméstico de trigo apresentou mudança significativa no comportamento de preços no início de maio. Enquanto em abril os vendedores mantinham posição forte devido à oferta restrita e elevados custos de importação, a recente valorização do real e a queda nas cotações internacionais alteraram esse cenário.
No Paraná, principal estado produtor, o preço médio FOB no interior recuou 3,5% na semana, atingindo R$ 1.553 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a queda foi de 0,7%, com a média semanal ficando em R$ 1.445 por tonelada.
A pressão sobre os preços domésticos decorre principalmente da redução nos custos de importação. O trigo argentino apresentou queda de 4,9% em dólar, enquanto o câmbio comercial recuou 5,1% no período. Essa combinação fez a paridade de importação cair de R$ 1.638 para R$ 1.495 por tonelada no Paraná, e de R$ 1.610 para R$ 1.470 por tonelada no Rio Grande do Sul.
Apesar dos recuos recentes, os preços atuais permanecem acima dos patamares observados em 2024 - 15,1% mais altos no Paraná e 10,9% no Rio Grande do Sul na comparação anual. A expectativa de safra recorde em 2025 deverá contribuir para a recomposição dos estoques internos, mas o comportamento futuro dos preços ainda dependerá fundamentalmente da evolução do câmbio e das cotações internacionais do cereal.
Os compradores já adotam postura mais defensiva, com ofertas em torno de R$ 1.550 por tonelada no Paraná e R$ 1.400 por tonelada no Rio Grande do Sul.