A China mantém a suspensão de importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, a medida está em vigor desde o dia 3 de maio e deve seguir assim pelos próximos dias. A ação foi justificada pelas autoridades chinesas com base em supostas não conformidades sanitárias, como a presença de resíduos de ivermectina em lotes exportados. Apesar das medidas, o mercado brasileiro e internacional não sofreu grande impacto.
De acordo com Felipe Fabbri, da Scott Consultoria, o mercado não registrou viés de baixa após a suspensão, o Brasil teve números expressivos e bateu recordes de exportação em março e abril. A unidade de Mozarlândia (GO), destaques em capacidade de abate, foi a principal atingida pela medidas.
Segundo análise do consultor, a decisão da China foi motivada pelo fator comercial, com o objetivo de pressionar os preços da carne bovina importada. Entretanto, até o momento a estratégia não surtiu efeito prático. O preço da carne bovina exportada pelo Brasil segue em alta. Inclusive com valorização após declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril, que gerou receio no mercado global e aumentaram a procura por carne brasileira, principalmente por parte de norte-americanos e chineses.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) calcula que a liberação das plantas frigoríficas suspensas pode demorar até seis meses. As negociações entre Brasil e China prosseguem com o objetivo de agilizar a reabilitação dessas unidades.
A entrevista abordou diretrizes cruciais para pecuaristas, especialmente sobre o uso de fármacos veterinários na fase final de engorda. A ivermectina, por exemplo, pode deixar resíduos na carne caso o período de carência – que varia de 30 a 120 dias, dependendo da formulação e aplicação – não seja respeitado.
Antibióticos e promotores de crescimento também exigem orientação técnica, com atenção às dosagens e finalidades para evitar resistência microbiana e impactos negativos na qualidade da carne. Dada a prevalência da terminação em confinamento para a exportação, o cuidado com esses aspectos é vital para prevenir futuros embargos.
A avaliação é que o embargo atual representa uma medida específica e estratégica da China no contexto do comércio global, e não uma deficiência generalizada no manejo sanitário brasileiro.