Uma das principais lideranças da greve dos caminhoneiros de 2018, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, afirmou que o movimento das últimas horas está sendo "aparentemente financiado" por empresários e tem "cunho totalmente político".
Para Chorão, como é conhecido, a atual paralisação não assume a defesa de reivindicações da categoria, como a desoneração dos combustíveis e um novo marco legal. Ele disse, no entanto, que percebeu o desejo de muitos caminhoneiros de aproveitar o movimento para defender essas pautas, o que faria a greve crescer.
Na avaliação de Landim, houve um "apoio maciço" dos caminhoneiros e da sociedade em geral ao presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. Landim evita usar a expressão "locaute", mas disse enxergar características de apoio empresarial à paralisação que se estende por esta quinta-feira.
"Um movimento como esse, em 2018, não tinha estrutura nenhuma. Conseguimos nos organizar melhor de lá para cá, mas a gente sabe como é difícil ter acampamento, ponto de apoio. Existe muita gente por trás disso [agora]. É um movimento que está sendo aparentemente financiado, sim".
O presidente da Abrava ressalta que é preciso agir com cautela. "Eu tenho muita responsabilidade com a categoria, tento direcionar para o lugar correto."
Ele afirmou estar, na manhã desta quinta-feira, em ligações telefônicas com lideranças dos caminhoneiros em todo o país para avaliar se haverá ou não recomendação de aderir à parada, com pautas específicas do setor.
Uma reunião dos líderes nacionais estava marcada para o dia 18, em Brasília, mas Landim reconhece que a situação mudou completamente e as discussões estão ocorrendo agora. "As coisas tomaram uma proporção que a gente não imaginava", concluiu.
Fonte: Valor Econômico