17/10/2023 às 11h52min - Atualizada em 17/10/2023 às 11h52min

Oferta do 2º giro de confinamento não tem força para pressionar arroba do boi gordo

Fabiano Reis
Foto: Reprodução
O mercado da pecuária bovina de corte, de maneira geral, espera a entrada no mercado de animais do segundo giro de confinamento. Enquanto os valores da arroba do boi gordo seguem firmes nas praças de produção, é natural que o comprador aguarde um pouco mais a entrada dessas boiadas. Para o pecuarista, há também expectativa sobre os efeitos nos preços praticados, mas o fato é que a oferta quando chegar terá pouco impacto ou, ainda passe quase imperceptível, dando ligeiro alívio ao setor industrial.
 
“Há distância entre intenção e gesto...”, o verso de um poeta português, qual empresto para fazer uma analogia com as pesquisas anuais sobre confinamentos no país, traduz muito a questão relacionada ao que a pecuária se prepara e intenciona confinar ano a ano e, de fato, confina. Normalmente, a oferta é menor. Em 2023 o cenário ficou muito arriscado com algumas empresas confinando, mas com muitos operadores fora do mercado. Basicamente, em 2023 “nem intenção teve”.
 
Escrevo isso com o destaque para o momento de consolidação de preços praticados na praça de referência, São Paulo. Encontra-se com pouco mais de 11 dias de escala na indústria, o que sinaliza estabilidade na semana. Mato Grosso, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul têm margem para altas com nove dias de atividade fabril acertados. Chama a atenção Goiás, com pouco mais de seis dias de escala industrial e um estado que costuma ter uma oferta mais densa de animais confinados.
 
Há um equilíbrio de forças no momento que mostra demanda interna e externa aquecidas e já estarmos em um quarto trimestre, que sempre dispõe de maior movimentação no atacado e varejo de carnes. Além disso, a inflação mais dentro de controle no Brasil, de acordo com Comitê de Política Monetária Nacional está no teto da meta (4,75%) em 2023.  Do outro lado do “balanço”, temos a oferta de animais de confinamento que, apesar de significativa, não deve ter expressão para mudar rumos do mercado. Basicamente, são improváveis as possibilidades de uma disparada nos preços da arroba com SP em R$ 300 e menos possível ainda os preços recuarem e se manterem mais baixos.
 
De acordo com Secretária de Comércio Exterior, em seu relatório parcial das exportações de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, apresentado nesta segunda-feira, dia 16 de outubro, os embarques na segunda semana de outubro/23 alcançaram 91,2 mil toneladas, com média diária de 10,1 mil toneladas, 2,3% acima da média do mesmo mês no ano passado e bem mais elevada que a primeira semana de outubro/23, que foi bem fraquinha (7,6 mil toneladas/dia). O preço médio da tonelada exportada tem recuo, com valor médio em 2023 de US$ 4610,00, queda de 21,10%.
 
Em resumo, a oferta de bovinos do segundo giro de confinamento tem força para dar algum fôlego nas escalas, mas com pouca (ou muito pouca) capacidade de ser instrumento de pressão de preços da arroba.

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