16/05/2022 às 09h25min - Atualizada em 16/05/2022 às 09h25min

Mercado do boi: Preços ficam pressionados para a segunda quinzena do mês de maio

De acordo com Gustavo Rezende Machado, consultor em gerenciamento de risco da StoneX, em entrevista à Notícias Agrícolas, o mercado do boi vai continuar pressionado nesta segunda metade de maio.

Gustavo explicou que a grande válvula de escape da pecuária brasileira é a China e três fatores impedem que essa válvula funcione neste momento. São eles o lockdown imposto nos maiores centros consumidores do país, as suspensões temporárias impostas à exportação de plantas brasileiras e, por último, a logística.

Segundo ele, cerca de 20% dos contêineres à disposição das exportações mundiais estão à espera da normalização das importações do país asiático e parte dos caminhoneiros chineses não estão circulando.

Esse cenário provoca uma descompensação entre a oferta e a demanda no Brasil. Ele lista também a queda no câmbio no Brasil, que chegou próximo a R$ 4,5 em relação ao dólar e reflete nos embarques deste mês, principalmente nesta segunda quinzena.

Aliados aos problemas internos, como mercado com baixo poder de compra do consumidor e excesso de bois a pasto terminados ainda à disposição, provocando alongamentos de escalas em grande parte dos frigoríficos, traça um cenário de pressão nos preços da arroba. “Existe uma sobre oferta”, diz. 

O consumo da carne bovina chinesa no país asiático é “de rua”, ou seja, acontece em restaurantes. Sem a possibilidade de circulação por conta do lockdown, o chinês deixa de comer fora e essa carne fica no estoque. “Quando ele sai para comer, ele não come duas vezes”, explica.

Ele só acredita na retomada da normalidade quando todos os problemas forem resolvidos. As plantas que ainda estão impedidas de exportar precisam ser liberadas, o lockdown precisa terminar, e retomar as embarcações. Mesmo que tudo se resolva, “o curtíssimo prazo não muda muito”, afirma.

Toda essa situação, aliada aos altos custos de produção, com elevação do preço do milho, desestimula o pecuarista nacional que confina. E as pastagens, de agora em diante, vão se deteriorar na entressafra. 

Ele vê alguma reação do mercado do boi no segundo semestre do ano. Ainda assim, tem reservas. Acredita que a recuperação não vai levar o mercado a retornar à mesma situação do começo do ano.

Hoje, o animal de exportação está na casa de R$ 327. Gustavo diz que, mesmo diante de todo esse cenário, deveria estar em torno de R$ 330. No mercado interno, a situação também não é boa. No final da semana passada, o preço da arroba no mercado paulista foi de R$ 315. No mercado futuro, para junho e julho os preços crescem pouco. Ainda assim, diz que essas projeções podem mudar para melhor. Para ele, não é possível saber o que pode acontecer. 

 

Da Redação

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://canalpecuarista.com.br/.