Agro brasileiro deve pressionar congresso dos EUA contra tarifaço, diz professor da FGV

Especialista em relações internacionais ressalta que o risco para o dólar como balizador econômico vem das próprias ações de Trump, não do Brics

- Da Reação, com Canal Rural
22/07/2025 09h20 - Atualizado há 1 dia
Agro brasileiro deve pressionar congresso dos EUA contra tarifaço, diz professor da FGV
Foto: reprodução

Com menos de dez dias para o prazo de 1º de agosto, quando uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos pode começar a valer, o governo americano ainda não se pronunciou oficialmente sobre negociações ou adiamento da medida. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou nesta segunda-feira (21) que o Brasil não abandonará a mesa de negociações e que a equipe econômica trabalha em um plano de contingência para os setores mais afetados.
 

Para Vinícius Vieira, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a postura brasileira de buscar a negociação é acertada. Ele aconselha os produtores rurais e as entidades do agronegócio a se aliarem a pessoas e organizações norte-americanas que também serão prejudicadas pelo "tarifaço" de Donald Trump.
 

"Fazendo pressão, principalmente no Congresso americano, mostrando que, principalmente, quem vende café e suco de laranja brasileiro lá nos Estados Unidos vai ter prejuízo em função desse tarifaço. Assim, quem sabe os congressistas, inclusive democratas, já que a política nos Estados Unidos, do Congresso, é muito fundamentada em interesses locais, consigam um canal de acesso para que Trump pelo menos reveja as tarifas parcialmente para alguns setores”, considera Vieira.
 

O professor também vê como acertada a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao buscar agregar líderes de outros países com políticas de centro-esquerda semelhantes, como Chile, Espanha, Uruguai e Colômbia. Esses movimentos, segundo Vieira, visam principalmente o longo prazo, buscando novos mercados para o Brasil e evitando o isolamento político e econômico global.
 

A proximidade com a Espanha, membro da OTAN, é destacada como ainda mais importante, por ser o país europeu mais resistente às políticas de Trump, podendo influenciar outras nações do bloco contra a pressão sobre o governo brasileiro.
 

Sobre o Brics, que tem sinalizado a busca por outras moedas de referência para negociações, Vieira considera a preocupação de Donald Trump precipitada. "O grande risco hoje para o dólar, o Trump deveria perceber, está nas ações do seu governo, aumentando a dívida pública americana e, ao mesmo tempo, rompendo alianças tradicionais. Lembrando que até mesmo países como Coreia do Sul, Japão, União Europeia, aliados tradicionais dos Estados Unidos, estão sujeitos a tarifas de 30%. […] Então, o grande risco hoje para a própria força do dólar no cenário internacional tem um único nome: não é Brics, não é Lula, mas é Donald Trump", conclui o especialista.



 

 


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