Trigo do Paraná tem queda de 25% na área plantada

Altos custos e redução do seguro rural desestimulam produtores na safra de inverno

- Da Redação, com Canal Rural
02/07/2025 09h00 - Atualizado há 19 horas
Trigo do Paraná tem queda de 25% na área plantada
Foto: reprodução

O plantio de trigo no Paraná, principal cultura de inverno do estado, enfrenta uma forte retração nesta temporada. A área cultivada foi reduzida em aproximadamente 300 mil hectares, uma queda de 25% em relação à safra anterior. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o recuo é resultado dos altos custos de produção, que tiveram aumento expressivo nos últimos meses, e também da redução dos recursos destinados ao seguro rural, fator que elevou o risco para os agricultores. Os fertilizantes, por exemplo, ficaram 22% mais caros no último ano, contribuindo para um aumento de 8% no custo variável por saca, que passou de R$ 67 para R$ 72.
 

O produtor Giovanni Teixeira, de Lapa, região próxima a Curitiba, ilustra o sentimento predominante no campo. Mesmo com o caixa apertado, ele optou por plantar 150 hectares, mas diz que muitos vizinhos desistiram. “Acho que aqui a redução foi de uns 50%. Todo mundo está com medo, porque é uma cultura arriscada. Antes, a gente ganhava na soja e investia no trigo, ou ganhava no trigo e colocava na soja. Faz dois anos que isso não acontece”, lamenta. Apesar disso, ele ainda tem esperança em uma melhora nos preços por conta de possível escassez do cereal.
 

Nesta safra, a área semeada no Paraná caiu de 1,13 milhão para 850 mil hectares. Para o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral, a mudança nas regras do seguro rural inibiu a disposição de plantar. “Normalmente, o seguro subsidiado permite ao produtor se arriscar mais. Este ano, as alterações fizeram o agricultor pensar duas vezes, pois terá de arcar com mais prejuízo em caso de sinistro”, explicou. Em maio, a saca do trigo foi comercializada em média por R$ 79, valor 15% maior que o do mesmo mês do ano passado. No entanto, o aumento não acompanhou o salto nos custos, e para Teixeira, o ideal seria um preço de pelo menos R$ 85 para garantir uma boa troca com insumos.

 

 


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