O mercado físico do boi gordo encerrou a primeira semana de junho com forte valorização em diversas regiões do país. Em estados como São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a alta superou os 3%. A expectativa dos analistas é de que os preços continuem firmes nas próximas semanas, sustentados principalmente pela escassez de animais prontos para o abate, especialmente os que atendem aos requisitos da exportação para a China.
Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a menor oferta de bois jovens e o ritmo acelerado das exportações ajudam a sustentar a alta. Ele também observa que a oferta de fêmeas segue elevada no Centro-Norte do país, o que amplia a diferença de preços entre machos e fêmeas. Esse cenário favorece a valorização dos animais mais demandados pelo mercado internacional.
Entre os dias 30 de maio e 6 de junho, os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo subiram nas principais praças de comercialização do Brasil. Em São Paulo, o valor chegou a R$ 320, uma alta de 3,23% em relação à semana anterior.
Em Mato Grosso, a arroba foi cotada a R$ 310, alta de 3,33%. Em Dourados (MS), o preço subiu 3,28%, chegando a R$ 315. Outras altas foram registradas em Uberaba (MG), com R$ 295 (+2,95%), Goiânia (GO), com R$ 295 (+1,72%) e Vilhena (RO), com R$ 270 (+1,89%).
Felipe Fabbri, coordenador de inteligência de mercado da Scot Consultoria, destaca que 27 praças registraram alta nos preços da arroba ao longo da semana, enquanto cinco permaneceram estáveis. Para ele, o restante do mês deve continuar com preços firmes, impulsionados pela menor participação de fêmeas no mercado e pelas exportações de carne bovina, que seguem batendo recordes.
Em maio, o Brasil exportou 218 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). As exportações renderam US$ 899 milhões, com uma média diária de US$ 54 milhões. Em relação a maio do ano passado, houve aumento de 18,8% no valor médio diário, 2,9% na quantidade e 15,5% no preço médio por tonelada, que chegou a US$ 5.200,90.
Apesar do cenário favorável nas exportações, Fabbri chama atenção para um possível entrave no mercado interno: a queda nas exportações de carne de frango, afetadas por embargos relacionados à gripe aviária. Com a retração de cerca de 13% nos embarques, o excedente da produção deve ser direcionado ao mercado interno, o que pode dificultar o escoamento da carne bovina nos supermercados brasileiros.
Outro fator que pode influenciar os preços nas próximas semanas é o clima. A chegada do inverno e o avanço de frentes frias tendem a acelerar a oferta de boiadas por parte dos pecuaristas, o que pode pressionar as cotações para baixo. Ainda assim, segundo Fabbri, ao menos na primeira quinzena de junho, o mercado deve continuar operando com preços sustentados, favorecido pela alta demanda externa e por medidas do governo que injetaram renda na economia, mesmo que de forma temporária.
No atacado, os preços começaram a se estabilizar. Ainda há espaço para alguma alta no curto prazo, impulsionada pela entrada dos salários no início do mês. No entanto, segundo Iglesias, o consumo doméstico tende a priorizar proteínas mais acessíveis, como carne de frango, ovos e embutidos, o que pode limitar a recuperação dos preços da carne bovina no varejo.
Nesta semana, o quarto traseiro do boi foi cotado a R$ 23 o quilo, recuo de 3,77% em relação aos R$ 23,90 da semana anterior. Já o quarto dianteiro foi vendido a R$ 18,50 o quilo, queda de 2,63% frente aos R$ 19, da semana passada. Apesar dessas quedas pontuais no atacado, o cenário geral ainda é de otimismo moderado para o setor de pecuária de corte no Brasil.