O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (26) que as acusações contra ele são "graves e infundadas", em sua primeira declaração após se tornar réu na investigação sobre tentativa de golpe de Estado. A decisão, tomada por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), teria, segundo ele, um "caráter pessoal" contra sua figura.
Em entrevista coletiva de aproximadamente 50 minutos, sem abrir para perguntas, Bolsonaro afirmou que os comandantes militares "jamais embarcariam em uma aventura", referindo-se às acusações de tentativa de golpe. Ele reconheceu que sua gestão chegou a discutir medidas excepcionais, mas argumentou que "discutir hipóteses de dispositivos constitucionais não é crime".
Em uma segunda entrevista, realizada no fim da tarde, Bolsonaro reforçou que jamais tramou um golpe e explicou que houve discussões sobre a decretação de estado de sítio. No entanto, ressaltou que a medida precisaria de aprovação do Congresso Nacional e consulta ao Conselho da República, e que tais iniciativas nunca foram concretizadas.
As investigações da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal, embasadas em documentos e na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apontam que houve discussões sobre minutas golpistas e medidas excepcionais para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Na coletiva, Bolsonaro voltou a questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral brasileiro, retomando discursos utilizados durante a campanha de 2022. Ele acompanhou o julgamento no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho.