O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (14) que o Brasil adotará medidas de reciprocidade caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpra sua promessa de elevar as tarifas sobre o aço brasileiro. Em entrevista à Rádio Clube do Pará, Lula disse que o governo pode reagir impondo taxações sobre produtos importados dos EUA ou denunciando a medida à Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar, nós vamos reagir comercialmente, vamos denunciar na OMC ou taxar os produtos que importamos deles”, declarou o presidente.
As declarações de Lula ocorrem após Trump anunciar novas tarifas sobre importações de aço e alumínio, afetando países como Brasil, China, México e Canadá. Segundo o presidente brasileiro, a relação comercial entre os dois países é equilibrada, já que os Estados Unidos possuem superávit com o Brasil – vendem US$ 45 bilhões e compram US$ 40 bilhões em produtos brasileiros.
“Não queremos atrito com ninguém, queremos paz e tranquilidade. Mas se Trump tiver esse comportamento, eu terei esse comportamento com os Estados Unidos”, reforçou Lula.
Apesar do tom firme de Lula, membros da equipe econômica do governo brasileiro pregam cautela. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é necessário aguardar para entender o impacto real das medidas antes de qualquer resposta. Já o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, argumentou que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA, já que a maioria dos produtos exportados pelo Brasil para o país já são taxados.
Enquanto isso, a Casa Branca informou que as novas tarifas poderão entrar em vigor dentro de semanas, com análises específicas sobre cada país sendo concluídas até 1º de abril.
Lula também destacou que Brasil e Estados Unidos completam 200 anos de relações diplomáticas em 2025, mas revelou que ainda não conversou com Trump desde sua posse em janeiro. “O relacionamento é entre os Estados. O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante e espero que eles reconheçam o Brasil da mesma forma”, afirmou.
O impasse sobre as taxações deve ser um dos primeiros testes diplomáticos entre os dois líderes, com possíveis desdobramentos nos próximos meses.