20/12/2024 às 09h10min - Atualizada em 20/12/2024 às 09h10min
Plano de rastreabilidade bovina divide opiniões no setor pecuário
Lideranças apontam avanços, mas alertam para desafios financeiros
- Da Redação, com Portal DBO
Foto: Reprodução O anúncio do Plano Nacional de Identificação de Bovinos e Búfalos (PNIB) para o período 2025-2032, realizado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro na última terça (17) gerou intensos debates no setor pecuário. A medida, que visa atender a demandas internacionais e garantir a segurança sanitária do rebanho bovino brasileiro, é vista como um “marco histórico” por alguns, enquanto outros alertam para os custos de implantação, especialmente para os pequenos produtores.
O plano, que vem sendo elaborado desde 2022, pretende melhorar a rastreabilidade do rebanho nacional e fortalecer a competitividade do Brasil no mercado internacional. Porém, enquanto algumas lideranças acreditam que a rastreabilidade trará novas oportunidades para a pecuária, outras questionam a obrigatoriedade da medida, temendo que ela sobrecarregue os pequenos produtores.
Em entrevista ao portal DBO, diversos representantes do setor expressaram suas opiniões sobre a implementação do PNIB, com visões divergentes sobre os desafios e os benefícios do novo sistema. Francisco Manzi, diretor técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), afirmou que o mercado tem o direito de exigir rastreabilidade, desde que esteja disposto a pagar mais por isso.
Por outro lado, Amarildo Merotti, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), questionou a obrigatoriedade da rastreabilidade e o impacto sobre os pequenos produtores.
Ana Doralina Alves Menezes, presidente da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, considera o plano uma grande conquista, com potencial para abrir novas oportunidades para o setor. Já Roberto Paulinelli, produtor e dono do Frigorífico Rio Maria, destaca que o programa deve caminhar junto com a parte socioambiental para ser efetivo.
Delair Bolis, presidente da MSD Saúde Animal, considera o PNIB essencial para avançar na direção de uma pecuária mais sustentável e transparente. Contudo, Pedro de Camargo Neto, produtor e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), se mostrou cético, lembrando as dificuldades enfrentadas com o sistema anterior, o Sisbov.
O plano também é visto como uma necessidade, já que países concorrentes como os principais exportadores de carne bovina já implementaram sistemas de rastreabilidade. Lisandro Inakake de Souza, do Imaflora, enfatizou que o Brasil não poderia ficar para trás.
Apesar do otimismo de alguns, Cyro Ferreira Penna Júnior, da Faesp, alerta que os benefícios da rastreabilidade só serão efetivos se os pecuaristas não sofrerem com os custos. Para Marcos Jank, professor do Insper, o sistema de rastreabilidade individual é cada vez mais obrigatório e pode trazer benefícios importantes para diversas áreas do setor.