13/06/2024 às 09h04min - Atualizada em 13/06/2024 às 09h04min

​Abate de bovinos em Mato Grosso atinge recorde em maio

Marco de abates bovinos sinaliza possível mudança no ciclo pecuário, aponta o Imea

- Da Redação, com CarneTec
Foto: Arquivo pessoal
Os abates de bovinos em Mato Grosso, o estado com o maior rebanho do Brasil, alcançaram um novo recorde em maio com um total de 627,49 mil animais abatidos. O valor recorde destaca a robustez da indústria pecuária do estado. No entanto, a variação nos preços do boi gordo nos últimos 12 meses pode sinalizar uma transição no ciclo pecuário, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Apesar do recorde nos abates gerais, houve uma queda no volume de fêmeas abatidas em maio em relação a abril, algo que não acontecia desde 2018. Os abates de vacas e novilhas diminuíram 6% em maio, resultando em uma menor participação dessas nos abates totais do estado, caindo para 51,49%, em comparação com o patamar acima de 55% registrado nos últimos três meses.

“Apesar do volume abatido ainda estar elevado, esses dados mostram uma possível redução na intensidade dos abates de fêmeas. A tendência no curto prazo é de uma redução gradual na participação das fêmeas nos abates”, informou o Imea em relatório.

Sinais de transição no ciclo pecuário
Ao analisar os preços atuais da arroba em comparação com 12 meses atrás, o Imea detecta sinais de transição no ciclo pecuário. A desvalorização anual do boi gordo na parcial de 2024, considerando a média de janeiro a maio, foi de -14,11%, comparada a -19,20% no mesmo período de 2023.

“Isso significa dizer que, apesar de ainda estar em queda, a pressão baixista sobre os preços do boi gordo tem perdido a força. Vale ressaltar que esta é uma análise pensando no longo prazo, e que, no curto prazo, a oferta ainda pode pressionar os preços do boi gordo”, avaliou o Imea.

Indústria brasileira também registra recordes
O cenário atual do ciclo pecuário, caracterizado por uma ampla oferta de animais, continua favorável à indústria frigorífica brasileira, que vem registrando recordes tanto de abates quanto de exportações de carne bovina. No primeiro trimestre de 2024, o abate de bovinos no Brasil foi recorde, totalizando 9,3 milhões de cabeças, 25% acima do registrado no mesmo período do ano passado e 1,6% superior ao número abatido no quarto trimestre de 2023, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O abate de fêmeas aumentou 28,2% em relação ao primeiro trimestre de 2023, atingindo o maior resultado de toda a série histórica para essa categoria. “Estamos num período de ampla oferta de animais para abate, provenientes de um ciclo de maior retenção de fêmeas observado entre 2019 e 2022, quando o preço dos bezerros estava em alta e a atividade reprodutiva das fêmeas tornou-se atrativa para os pecuaristas”, explicou Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa de abates do IBGE, em nota. “A partir de meados de 2022, observamos o ciclo inverso: o preço dos bezerros caiu e as fêmeas passaram a ser destinadas ao abate com maior intensidade, além dos animais criados no ciclo anterior de alta que chegaram à idade de abate neste ano.”

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