Em um simples acompanhamento dos elementos que compõem o mercado do boi gordo, percebe-se alguma reação nos preços em praças do Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo – estas últimas com menos força em relação à primeira. Este movimento começou a dar o tom dos parâmetros de cotação da arroba em outros estados, com ofertas menores de boi gordo no país, reduzindo um pouco a escala de abate em frigoríficos e estancando a “sangria” nos preços. Creio ser a tendência da semana.
Uma semana que começa com preços firmes, sem cedência em nenhum estado produtor.
O fato é ser necessário haver um reequilíbrio na cadeia produtiva, em custos de produção e na própria produção. É provável, sim, ocorrer um reordenamento, com algo que aproveite o ciclo pecuário, o momento certo de elevar o abate de fêmeas. Algo que acredito mesmo começar no próximo ano. E esteja certo: há ferramentas, possibilidades e técnicas para garantir margens melhores em médio prazo. Elas passam pela redução de rebanho, com abate de fêmeas, arrendamento de áreas para agricultura (o que melhora o solo também), integração com lavoura e floresta, além da melhora genética de animais, com terminação mais rápida, maior peso e menor quantidade de indivíduos. Além disso, uma melhora há muito tempo esperada na economia nacional também daria outros ares ao cenário atual.
Para falar de fatores mais próximos, o curto prazo (ainda não citei o nome daquele país asiático) há elementos que não se alteram quanto à disposição dos parâmetros de consumo no Brasil. As características sazonais mostram um consumo maior de carne vermelha, ocasionada pelas festas de final de ano e também pagamento das parcelas do 13º salário para parte relevante da população. Estes eventos, somados a escassez normal de animais para abate em novembro e começo de dezembro, garantem alta nos preços.
Por estas questões, principalmente no fator sazonal, há uma real expectativa de elevação do preço da arroba do boi gordo - algo normal e esperado para o período.
Ao considerar a praça paulista e diversas fontes negociantes, os preços de arroba do boi gordo estão entre R$ 260 e R$ 270 - o que já reflete uma boa melhora. Há quem diga também que algumas boiadas “especiais” são negociadas em R$ 280/@.
Em resumo, as expectativas são realmente boas, considerando apenas os fundamentos.
Fator China
Esperei nesta segunda-feira, 8 de novembro, a divulgação de um comunicado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e também da Abiec para o fechamento deste artigo. Não saiu, mas deve ocorrer nesta semana e falar de China.
Há algumas formas importantes de interpretar os embarques de carne bovina do Brasil. Os volumes são menores? Claro que são! O faturamento em dólares da indústria exportadora é menor? Sim! Historicamente, em reais, é baixo? Não. Não é!
A cadeia produtiva da carne bovina está em um momento de transição importante, que calha com o inevitável ciclo pecuário. Outra coisa: a pecuária bovina de corte do Brasil era grande antes do “fator” China e vai seguir grande, posteriormente, se o “fator” enfraquecer.
No finalzinho de outubro, a CNA publicou um estudo com projeções de “prejuízos” com a China fora da ponta compradora na cadeia produtiva da carne bovina em US$ 1,8 bilhão, sendo US$ 1,2 bi só de pecuaristas até dezembro. É fato porque se trata de lucro que deixa de ocorrer, combinado com custos de produção elevados pela inflação do setor e a própria expectativa de maior rentabilidade.
Com atenção aos fatos, ainda aposto em um retorno chinês às compras em novembro. Entretanto, sendo em novembro, dezembro ou em 2022, o fato é que a relação não será mais a mesma. A indústria brasileira vai se reposicionar. A produção também. O negócio não pode ser “de risco” quando a abordagem e a verificação sanitária funcionam de maneira exemplar.
Para encerrar, chamo a atenção para a valorização do boi gordo. No Rio Grande do Sul há uma certa “euforia” com os preços da arroba em franca recuperação. No Estado de São Paulo também. Praticamente há altas em todas as praças produtoras. Então, fiquemos De Olho no Mercado.