Seleção para precocidade sexual é determinante ao encurtamento da idade reprodutiva. Esse é um dos princípios fundamentais que o produtor precisa ter em mente para aumentar a produtividade de seu rebanho e, consequentemente, a rentabilidade da fazenda.
Porém, a estratégia de produzir mais “bezerros do cedo”, melhorar os índices zootécnicos, otimizar o manejo e reduzir custos operacionais, apesar de estarem entre as principais vantagens oferecidas pela Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), esbarra em questões hormonais, imaturidade sexual e escore corporal baixo, fazendo dela um grande desafio na pecuária.
Segundo o professor do departamento de Zootecnia da Esalq/USP, Roberto Sartori, é preciso fazer uma seleção genética diferenciada, principalmente para precocidade sexual, manejo nutricional balanceado, sem excessos nem carências de nutrientes, e manejo racional inteligente, com boa capacitação de recursos humanos e assessoria técnica adequada, otimizando, inclusive, os manejos do dia a dia, de curral, entre outros aspectos.
O que caracteriza o início da puberdade é a primeira ovulação natural, sendo necessário mais dois ou três ciclos para que as novilhas estejam maduras o suficiente para receberem uma gestação, com menor risco de perda do bezerro. “É possível, sim, estimular a puberdade, desde que as novilhas tenham boa genética, nutrição e estejam próximas dessa fase. Caso contrário, induziremos apenas a ovulação”, comenta o pesquisador.
Além disso, o especialista comenta que também é preciso estabelecer uma estação de monta e o uso cada vez mais intensivo da IATF com protocolos de ressincronização, inclusive naqueles animais que não emprenham na primeira inseminação. “Com isso, se consegue emprenhar as vacas mais cedo na estação de monta, com genética de qualidade, permitindo que os bezerros nasçam em épocas favoráveis do ano, produzindo o famoso ‘bezerro do cedo’ em larga escala e aumentando o lucro do produtor”, destaca.
Cuidados com a nutrição
Na análise de Sartori, a nutrição pode interferir de diversas formas no sucesso da estratégia. “Como exemplo, podemos citar que quando se quer obter melhor resultado em fertilidade, em animais submetidos à IATF, é preciso fornecer uma dieta nutricional balanceada em relação à energia, à proteína, às vitaminas, aos minerais, etc.”, informa e alerta que, tanto a carência de nutrientes como excesso deles comprometem a reprodução, seja na prenhez por inseminação seja na fertilidade em monta natural.
Segundo o especialista, qualquer um dos casos pode acarretar em perdas gestacionais. “Isso acontece mesmo em animais submetidos à IATF, com carência nutricional, pois têm um anestro pós-parto prolongado, o que leva a um menor desempenho reprodutivo”, destaca Sartori. “A IATF, comparada com o uso do touro, na monta natural, ameniza esse problema e permite que se insemine fêmeas que estavam em anestro”, completa.
Conforme explica Sartori, nesses casos, se a inseminação das vacas fosse somente com touros, o objetivo não seria atingido. Ou seja, emprenhar essas fêmeas o mais rápido possível na estação de monta somente com monta natural, por elas estarem em anestro pós-parto, é inviável.
“Já quando submetidas a um protocolo de IATF, muitas vezes ele induz a ovulação e a ciclicidade, o que permite que as fêmeas sejam inseminadas e boa parte delas emprenharem logo num período pós-parto adequado para que elas consigam manter a gestação”, conclui professor da Esalq/USP.