O mercado do boi gordo no Brasil teve uma semana de valorização, impulsionado pela combinação de forte demanda internacional e escalas de abate mais curtas nos frigoríficos. Analistas avaliam que esse cenário deve se manter no curto prazo, sustentando preços firmes.
Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, os frigoríficos de menor porte enfrentam escalas reduzidas, entre seis e sete dias úteis na média nacional. Para garantir o fornecimento de animais, muitas dessas empresas estão pagando mais pela arroba, o que pressiona as cotações para cima.
As exportações de carne bovina também surpreenderam positivamente em julho. Houve avanço tanto no volume embarcado quanto no valor recebido, com destaque para a maior demanda da Ásia e o crescimento da participação do México nas compras. Esse desempenho reforça o otimismo do setor para as próximas semanas.
Nas principais praças do país, os preços da arroba do boi gordo apresentaram elevações expressivas. Em São Paulo, a cotação chegou a R$ 310, alta de 3,33% frente à semana anterior. Em Goiânia, o valor foi de R$ 295, avanço de 3,51%, enquanto em Uberaba atingiu R$ 300, aumento de 3,45%. Dourados registrou R$ 315, valorização de 3,28%, Cuiabá chegou a R$ 300, alta de 1,69%, e Vilhena marcou R$ 270, alta de 1,89%.
No mercado atacadista, a tendência também foi de alta, apoiada pelo maior potencial de consumo na primeira quinzena do mês. O quarto traseiro foi negociado a R$ 23 o quilo, valorização de 7,48%, e o quarto dianteiro chegou a R$ 17,80, aumento de 1,71%. Mesmo assim, a competitividade de outras proteínas, como o frango, segue sendo um ponto de atenção para os próximos meses.
De acordo com dados oficiais do governo, as exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada em julho somaram US$ 1,536 bilhão, um crescimento de 46,9% no valor médio diário em relação ao mesmo mês de 2024. O volume embarcado aumentou 16,7% e o preço médio da tonelada registrou alta de 25,9%, confirmando o momento positivo do setor.
Esse conjunto de fatores — demanda externa aquecida, escalas de abate encurtadas e preços em alta no atacado — reforça a expectativa de continuidade do movimento de valorização no mercado do boi gordo brasileiro no curto prazo.