O governo brasileiro intensifica os esforços diplomáticos para impedir que a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos entre em vigor no próximo dia 1º de agosto. No entanto, as tratativas com a gestão de Donald Trump estão paralisadas, e empresas norte-americanas demonstram resistência em pressionar a Casa Branca sobre a questão.
A tarifa foi anunciada por Trump em meio a críticas ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente julgado por tentativa de golpe. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a medida como "chantagem inaceitável".
Apesar de o vice-presidente Geraldo Alckmin ter reiterado a disposição para negociar com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, nenhuma nova rodada de conversas diplomáticas ocorreu desde junho. A contraproposta brasileira enviada em maio permanece sem resposta.
A tensão cresce entre empresários. Representantes da General Motors, John Deere e Alphabet foram contatados para ajudar nas articulações, mas temem retaliações. A Confederação Nacional da Indústria estima que mais de 100 mil empregos podem ser perdidos, com impacto negativo de 0,2% no PIB. Já a Confederação Nacional da Agricultura prevê queda de até 50% nas exportações do setor para os EUA.
Empresas como a Weg e Naturafrig já buscam alternativas. A Weg considera transferir parte da produção para o México e Índia, enquanto a Naturafrig redireciona embarques. Há também ações judiciais em curso, como a movida pela Johanna Foods.
O cenário é de incerteza e preocupação, com o Brasil enfrentando um dos desafios comerciais mais severos desde a pandemia de Covid-19.