Pressão no mercado do boi cresce com frigoríficos afastados diante de tarifas dos EUA

Indústria avalia impactos de sobretaxa americana de 50%, que ameaça fatia brasileira no mercado externo

- Da Redação, com Canal Rural
14/07/2025 09h11 - Atualizado há 11 horas
Pressão no mercado do boi cresce com frigoríficos afastados diante de tarifas dos EUA
Foto: Divulgação

O mercado do boi gordo fechou a semana marcado pela ausência dos frigoríficos nas negociações, um reflexo direto da preocupação com as novas tarifas adicionais de 50% que os Estados Unidos pretendem impor ao Brasil a partir do dia 1º de agosto.

A medida pode afetar duramente a competitividade brasileira frente a outros exportadores como Austrália, Argentina e Uruguai. Em 2025, os norte-americanos já representaram aproximadamente 15% das compras de carne bovina do Brasil.

Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o receio do setor é que, mantida a taxação, o Brasil perca espaço nas exportações para os EUA. Esse temor já provocou queda intensa no mercado futuro do boi, principalmente na última quinta-feira (10). Sem clareza sobre o futuro dos embarques, os frigoríficos optaram por adotar cautela, o que também influenciou as cotações nas principais praças do país.

Na comparação semanal, o recuo foi generalizado. Em São Paulo, a arroba caiu de R$ 310 para R$ 300, baixa de 3,23%. Em Goiânia, foi de R$ 295 para R$ 290 (-1,69%), enquanto Uberaba registrou queda de 1,67%, passando de R$ 300 para R$ 295. Dourados também viu retração, com o preço indo de R$ 310 para R$ 305 (-1,61%). Cuiabá e Vilhena mantiveram estabilidade, em R$ 315 e R$ 275, respectivamente.

No atacado, o mercado teve comportamento misto. O traseiro do boi foi cotado a R$ 22,50 o quilo, queda de 2,17% ante os R$ 23 da semana anterior. Já o dianteiro subiu 1,35%, alcançando R$ 18,75. Iglesias destaca que a carne de frango ganhou competitividade, abrindo espaço nos lares brasileiros.

Mesmo com o ambiente interno retraído, o Brasil exportou 48,7 mil toneladas de carne bovina em apenas quatro dias úteis de julho, movimentando US$ 269,9 milhões, conforme dados da Secex. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.541, alta de 25,7% sobre o mesmo mês de 2024, o que mostra a força da demanda externa, apesar dos riscos vindos das barreiras tarifárias.


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