O anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelos Estados Unidos começou a repercutir também no mercado físico do boi gordo. Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o ambiente ficou instável nesta quinta-feira (10), com muitos frigoríficos preferindo se afastar das compras diante da incerteza gerada pelas medidas americanas.
A reação foi imediata no mercado futuro, que apresentou forte movimento de queda, refletindo o temor de perda de participação nas exportações para o importante mercado norte-americano. Os Estados Unidos representam, em 2025, cerca de 15% das exportações totais brasileiras de carne bovina.
“Esse aumento de tarifa faz o Brasil perder competitividade frente a players como Austrália, Argentina e Uruguai, que poderão ocupar o espaço deixado pelos brasileiros. Caso não haja mudanças até o fim do mês, é provável que vejamos uma retração ainda maior nas vendas externas para os EUA”, analisou Iglesias.
No mercado físico, a arroba foi cotada em São Paulo a R$ 305, em Goiás a R$ 286,43, em Minas Gerais a R$ 293,53, no Mato Grosso do Sul a R$ 309,32 e no Mato Grosso a R$ 311,28.
No atacado, o quarto traseiro caiu para R$ 22,50/kg (baixa de R$ 0,50), o dianteiro manteve R$ 18,75 e a ponta de agulha subiu levemente para R$ 18,50. O analista ainda destacou que o frango ganhou vantagem competitiva no cenário atual, podendo pressionar ainda mais o consumo interno da carne bovina.
Para completar o quadro, o dólar encerrou o dia em alta de 0,69%, cotado a R$ 5,54, o que ajuda no desempenho das exportações, mas não neutraliza totalmente o efeito da tarifa americana.