Cacau recua após balanço da Barry Callebaut e suspensão parcial de tarifas por Trump

Resultados abaixo do esperado da Barry Callebaut e incertezas comerciais pressionam o mercado de cacau, apesar de alívio temporário nas tarifas dos EUA

- Da redação com, Notícias Agrícolas
11/04/2025 08h27 - Atualizado há 1 dia
Cacau recua após balanço da Barry Callebaut e suspensão parcial de tarifas por Trump
Foto: reprodução

Os preços do cacau apresentaram queda na quinta-feira (10), impactados principalmente pelos resultados abaixo do esperado divulgados pela Barry Callebaut, gigante suíça do setor de chocolate e cacau. A notícia acabou ofuscando a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender por 90 dias grande parte de suas tarifas comerciais – medida que, em geral, foi bem recebida pelo mercado.

 

A companhia, que atua na fabricação de chocolates e no processamento de cacau, revisou para baixo sua projeção de volume de vendas anual, justificando a decisão com a "volatilidade sem precedentes" nos preços da amêndoa de cacau. O anúncio provocou uma queda de mais de 20% nas ações da empresa, marcando o maior recuo diário de sua história.
 

Os volumes de vendas da Barry Callebaut, que fornece ingredientes presentes em cerca de um a cada quatro produtos de chocolate e cacau consumidos globalmente, são frequentemente usados como termômetro da demanda mundial por esses itens.

Em Londres, o contrato do cacau registrou queda de 102 libras esterlinas, ou 1,7%, sendo negociado a 5.994 libras por tonelada. Em Nova York, o recuo foi de 2,9%, com a tonelada cotada a US$8.074. Ambos os mercados haviam atingido mínimas de cinco meses na quarta-feira.
 

Apesar da pressão negativa sobre os preços do cacau, o anúncio de Trump, feito na noite anterior, ajudou a conter perdas maiores e ainda favoreceu as cotações do café e do açúcar. A suspensão das tarifas por parte dos EUA levou a União Europeia a recuar de suas contramedidas comerciais que estavam em curso.
 

Um operador de mercado comentou que os preços recordes do cacau registrados em dezembro passado já vinham despertando preocupações quanto à demanda, e que o cenário permanece delicado, visto que a pausa tarifária anunciada não inclui a China, mantendo ativa a guerra comercial entre os dois países.
 

No segmento de café, os contratos futuros do robusta subiram US$99, ou 2,1%, encerrando a sessão a US$4.896 por tonelada. Na véspera, esse tipo de café havia atingido seu menor valor em quatro meses. Já o arábica registrou alta de 0,3%, chegando a US$3,4285 por libra-peso, após tocar a mínima de dois meses e meio no pregão anterior.
 

"No curto prazo, espera-se que os preços permaneçam voláteis devido aos baixos estoques de café no Brasil, às vendas lentas do Vietnã e às incertezas quanto às tarifas dos EUA e à situação no Mar Vermelho", disse o Rabobank.

Em relação ao açúcar, o tipo bruto teve alta de 0,21 centavo, ou 1,2%, sendo negociado a 18,12 centavos de dólar por libra-peso, recuperando parte das perdas após atingir o menor valor em um mês. O açúcar branco também reagiu, subindo 2,1% para US$523,90 a tonelada, após cair para a mínima de dois meses na sessão anterior.
 

Segundo operadores, o clima seco no Brasil – principal produtor mundial – persiste, enquanto as usinas aceleram o início da colheita.
 

Por fim, o Departamento de Agricultura dos EUA informou nesta quinta-feira que a oferta de açúcar no mercado doméstico norte-americano aumentou em abril, puxada pelo crescimento das importações.
 

 


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