Mesmo com o aumento das tarifas de importação para 36,4%, os Estados Unidos devem continuar comprando volumes significativos de carne bovina do Brasil em 2025. O cenário de oferta restrita e demanda aquecida nos EUA, agravado pelo menor rebanho desde os anos 1950, torna o país sul-americano um fornecedor estratégico.
Analistas afirmam que, apesar da elevação dos custos, os americanos não têm alternativas viáveis para suprir a escassez de proteína animal. Em 2024, os EUA foram o segundo maior destino da carne bovina brasileira, com mais de 88 mil toneladas importadas apenas no primeiro trimestre deste ano.
A situação pode, inclusive, beneficiar o Brasil em outras frentes. Com a intensificação da guerra comercial entre EUA e China, a carne bovina americana tende a perder espaço no mercado chinês — o que pode ser aproveitado por exportadores do Brasil, Argentina, Austrália e Nova Zelândia. Além disso, Japão e Coreia do Sul observam de perto os desdobramentos das tarifas americanas e podem aumentar suas compras da proteína brasileira.
Segundo a ABIEC, o Brasil exportou 676 mil toneladas no primeiro trimestre de 2025, gerando US$ 3,22 bilhões. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avalia que o país está em posição favorável no comércio global, embora o cenário ainda dependa da evolução das tensões diplomáticas e da resposta dos consumidores internacionais aos novos preços.