O mercado de defensivos químicos para a cultura da cana-de-açúcar registrou uma queda de 18% em 2024, alcançando R$ 7,5 bilhões, conforme aponta o estudo anual FarmTrak Cana-de-Açúcar, elaborado pela consultoria Kynetec. A retração ocorreu mesmo diante do aumento de 4% na área potencial tratada, que atingiu 83,7 milhões de hectares.
De acordo com Lucas Alves, especialista em pesquisas da Kynetec, o principal fator para essa queda foi a redução de 22% nos preços dos defensivos ao longo da última safra. Apesar do impacto financeiro negativo, o aumento da área tratada indica que os produtores buscaram compensar a desvalorização dos preços com um uso mais amplo dos produtos.
Os herbicidas permaneceram como a principal categoria de defensivos, movimentando R$ 3,9 bilhões, o equivalente a 52% do mercado. Em seguida, os inseticidas responderam por 34%, somando R$ 2,6 bilhões. Insumos de matriz biológica, como bioinseticidas e bionematicidas, representaram 7% do total, com um volume financeiro de R$ 553 milhões.
Entre as principais pragas que demandaram defensivos, as cigarrinhas lideraram o mercado, movimentando R$ 916 milhões, seguidas pelo Sphenophorus, com R$ 802 milhões, e pela broca-da-cana, que gerou R$ 610 milhões em negociações. Alves destacou o crescimento da demanda por soluções para o Sphenophorus, considerada uma praga emergente nas lavouras de cana.
O levantamento também revelou o perfil dos responsáveis pela escolha dos defensivos. Cerca de 75% das áreas de cultivo são geridas por unidades produtoras de açúcar, etanol e energia, enquanto os demais 25% estão sob responsabilidade de fornecedores de matéria-prima. A pesquisa mostrou ainda que mais de 60% dos responsáveis técnicos são da geração millennial, com idades entre 29 e 44 anos.
A área total plantada com cana-de-açúcar nas regiões cobertas pelo estudo alcançou 8,9 milhões de hectares em 2024, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. São Paulo lidera o cultivo com 56% da área, seguido por Goiás, com 12%, e Minas Gerais e Espírito Santo, com 11%.
O estudo FarmTrak Cana-de-Açúcar 2024 percorreu 51 mil quilômetros em 10 estados e 231 municípios da fronteira agrícola da cana, abrangendo 480 unidades produtivas entre usinas e fornecedores. Esses dados cobrem 53% da produção nacional de cana-de-açúcar nas áreas analisadas. A expectativa para 2025 é de uma leve recuperação nos preços dos defensivos, o que pode contribuir para reequilibrar o mercado.