O prêmio pago pela soja brasileira em relação aos contratos futuros da bolsa de Chicago subiu 70% na última semana, após o anúncio de tarifas adicionais da China sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos. O aumento da demanda internacional pela soja brasileira, impulsionado pela medida do governo chinês, reflete um agravamento no conflito comercial entre os dois países, que está gerando um impacto direto nos preços.
No porto de Paranaguá (PR), uma das principais referências para o mercado nacional, o prêmio de exportação de soja foi ofertado a 85 centavos de dólar por bushel para embarques programados para março, o maior valor desde 2022. O prêmio na semana anterior era de apenas 50 centavos por bushel.
Essa escalada no valor da soja é consequência da expectativa de que a China, maior importador mundial de soja, aumente a demanda pelo produto brasileiro, uma vez que as tarifas impostas à soja americana podem desviar a compra para o Brasil.
A China já foi destino de 79% das exportações brasileiras de soja nos primeiros dois meses de 2025, contra 75% no mesmo período do ano passado, evidenciando a migração da demanda em favor do Brasil, enquanto os EUA enfrentam menor interesse. A intensificação dessa procura também afetou os preços internos. Entre 27 de fevereiro e 6 de março, o preço FOB da soja em Paranaguá subiu 2,3%, alcançando US$ 404,11 por tonelada.
As expectativas para o setor continuam elevadas, pois, apesar do período de colheita — normalmente caracterizado por uma oferta maior e preços mais baixos —, os diferenciais se mantiveram positivos, refletindo a crescente demanda externa e o cenário de incerteza nos mercados internacionais.