O mercado futuro da soja futuros de soja para entrega em maio, os mais negociados na bolsa de Chicago, subiram 1,28% para US$ 10,1175 por bushel na sessão de quarta-feira (5). Os mercados futuros de milho e trigo também fecharam em alta.
Depois do anúncio da China de impor tarifas retaliatórias de 10% sobre a soja dos EUA, o mercado operou com ajustes técnicos. Em paralelo, um relatório chinês da NDRC informou que o país asiático está procurando maneiras de reduzir o uso de farelo de soja na proporção de ração animal, o que impactará no volume que a China compra dos Estados Unidos.
Analistas ainda creem que pode haver recuos nas negociações da oleaginosa, caso os Estados Unidos acumulem estoques da commodity internamente.
Depois de cair durante oito pregões seguidos, o contrato para maio do milho encerrou a sessão com uma alta de 0,94%, a US$ 4,5575 o bushel. Os ajustes técnicos para o cereal refletem uma dinâmica que se sobressaiu na bolsa americana: ao contrário do que previram analistas, os contratos não “derreteram” com os ataques tarifários entre Estados Unidos, Canadá, México e China.
Entretanto, produtores americanos do cinturão do milho temem que os custos de produção se elevem, em especial com fertilizantes, já que as lavouras precisam de potássio, nutriente importado do Canadá.
A consultoria Granar, da Argentina, atribuiu a valorização a um “rearranjo técnico das posições dos investidores”. “Com as tarifas em vigor contra o México e o Canadá, uma possível retaliação é motivo de tensão para um mercado que reconhece estes países como principais compradores do milho e do etanol dos Estados Unidos, além de muitos outros produtos comercializados entre países com fronteiras comuns”, detalhou o boletim da consultoria.
Fundamentos geopolíticos suportam as oscilações para o trigo, inclusive a curva positiva do mercado, que refletiu um “abrandamento nos embarques de trigo da região do Mar Negro”, informou a Granar. Com menor volume russo no mercado e uma demanda aquecida, o preço pode se ajustar para cima.
A Rusagrotrans, empresa russa dedicada à logística de exportação, informou que, em fevereiro, a Rússia exportou 1,90 milhões de toneladas de trigo, o volume mais baixo para o mês nos últimos cinco anos.
Antecipou que os embarques em março variariam de 1,50 a 1,70 milhão de toneladas, um volume que seria o mais baixo desde março de 2021.
“Uma queda tão pronunciada nas exportações se deve às margens profundamente negativas para os exportadores, aos atuais preços de oferta interna e aqueles impulsionados pela demanda externa”, disse a empresa. Entretanto, o mercado está atento às políticas tarifárias dos Estados Unidos e que podem desvalorizar o cereal.