Nos últimos anos, a expansão da agropecuária no Brasil tem sido pautada pela busca incessante por métodos de produção mais sustentáveis. O mercado consumidor, cada vez mais consciente e exigente, clama por uma abordagem agrícola que promova não apenas a eficiência econômica, mas também a responsabilidade ambiental e social. Diante desse cenário, os sistemas agrícolas têm passado por uma metamorfose significativa, transitando de práticas extensivas para usar metodologias mais sustentáveis, alinhadas com os parâmetros da legislação ambiental em vigor e sem comprometer novas áreas naturais.
A chave para a evolução sustentável da agricultura reside na intensificação responsável. É imperativo aumentar o rendimento agrícola enquanto se reduz o impacto ambiental, mantendo a saúde dos ecossistemas de suporte. Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) destaca que a expansão agropecuária priorizou a produtividade, buscando reduzir a área plantada ao mesmo tempo em que aumenta a produção.
Para alcançar essa intensificação de forma sustentável, têm sido desenvolvidas e aplicadas diversas tecnologias inovadoras. Entre elas, destacam-se novas cultivares e raças mais produtivas, resistentes a pragas e doenças, e a implementação de sistemas integrados, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o sistema de plantio direto (SPD), além de estratégias como o manejo integrado de pragas e doenças (MIPD).
Apesar dos benefícios proporcionados pela ILPF e pelo SPD, a pressão sobre o uso da terra e a necessidade crescente de aumentar a produtividade demandam uma contínua busca por sistemas agrícolas ainda mais sustentáveis, visando minimizar o impacto ambiental e maximizar a eficiência produtiva e energética.
A relevância da ILPF foi oficialmente reconhecida pela Política Nacional de ILPF (Lei nº 12.805/2013) e pelo seu papel nos Planos ABC e ABC+, sinalizando uma tendência de expansão desse modelo agrícola. Estratégias como o pagamento por serviços ambientais e a diferenciação de mercado por meio da produção sustentável, assim como a oferta de serviços ecossistêmicos, como a mitigação de gases de efeito estufa, despontam como tendências futuras com potencial para valorizar ainda mais a produção.
Outras iniciativas inovadoras, como o protocolo Carne Carbono Neutro (CCN) e a Carne de Baixo Carbono (CBC), representam novos modelos de negócios sustentáveis. O CCN, que incorpora o componente florestal nos sistemas integrados, neutraliza as emissões de metano dos animais, enquanto a CBC, sem o componente florestal, se concentra no manejo adequado do pasto para reduzir as emissões dos animais em pastejo. Ambas as estratégias não apenas mitigam o impacto ambiental, mas também agregam valor aos produtos agropecuários brasileiros nos mercados nacionais e internacionais (Skorupa, 2021).
O monitoramento dos atributos do solo em sistemas de integração tem contribuído para o desenvolvimento de tecnologias visando à fixação biológica em leguminosas e gramíneas. A identificação de linhagens mais eficientes promete reduzir o uso de adubos nitrogenados minerais, gerando economia e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa decorrentes do uso desses fertilizantes (Farias Neto et al., 2019).
Em suma, os sistemas agrícolas mais sustentáveis representam não apenas uma evolução na produção agropecuária, mas também um compromisso com o meio ambiente e a sociedade. O futuro da agricultura sustentável no Brasil depende da contínua adoção e desenvolvimento dessas práticas inovadoras, que buscam o equilíbrio entre a produtividade e a preservação do nosso precioso ambiente natural.