Eu tenho acompanhado, bem preocupado, o que está acontecendo nos Estados Unidos desde que Trump voltou ao poder. Com um plano chamado "Project 2025", que pretende refazer a América, ele começou a desfazer várias regras que protegiam o meio ambiente. A sensação que dá é que a intenção dele não é só mudar as coisas, mas bagunçar tudo mesmo — quanto mais desorganizado, melhor pra ele e pro grupo que ele representa.
Só nesses dois últimos meses, foram mais de 50 ordens executivas pra cortar, enfraquecer ou acabar com políticas ambientais. Regras que protegiam o ar, a água e o solo simplesmente foram deixadas de lado. Agências importantes, como a EPA (que cuida do meio ambiente por lá), estão sendo esvaziadas. Técnicos experientes estão sendo demitidos, e o que era pra ser um governo com metas e direção virou um festival de decisões sem pé nem cabeça.
A situação é tão grave que os Estados Unidos até saíram do Fundo de Perdas e Danos da ONU — um fundo que ajuda países mais pobres a lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Essa decisão derruba o clima de cooperação internacional, justamente quando o mundo se prepara pra COP30, que vai acontecer no Brasil. É um passo atrás gigantesco, bem na hora em que deveríamos estar dando passos pra frente.
O pior é que tudo isso é feito com uma cara de "modernização". A ordem mais recente de Trump fala em "revisar do zero" todas as regras sobre energia. Só que muitas dessas regras são exigidas por lei. Ou seja, não dá pra simplesmente cancelar com uma canetada. Mas parece que essa nem é a ideia. O objetivo, ao que tudo indica, é confundir, dificultar, travar os órgãos que fiscalizam. Fazer os profissionais duvidarem do próprio trabalho. Criar medo e desconfiança.
Trump sabe que só de ameaçar cortar essas regras, já consegue travar projetos de energia limpa, desanimar quem investe em sustentabilidade e agradar quem lucra com petróleo, gás e carvão. Ele usa a desorganização como arma. Cria instabilidade de propósito.
O que eu vejo é um governo que aposta no caos como forma de controle. Que enfraquece o Estado, mas diz que é por eficiência. Que fala em liberdade econômica, mas entrega poder só pra quem já tem muito. E quem vai pagar a conta? A gente. Especialmente quem já vive em áreas mais vulneráveis e sofre com o clima extremo.
A COP30, em Belém, vai ser muito mais do que uma conferência. Será um ato de resistência. E a gente precisa mostrar que a ciência é mais forte que interesse de grupos específicos.