31/10/2023 às 09h32min - Atualizada em 31/10/2023 às 09h32min

Preço ao produtor de leite registra 5ª queda mensal consecutiva durante setembro

Excesso de oferta interna, importações elevadas e custos crescentes afetam a produção leiteira no Brasil

- Da Redação, com Cepea
Foto: Freepik
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgou nesta terça-feira (31) um levantamento que aponta a quinta queda mensal consecutiva no preço médio do leite cru captado por laticínios no Brasil. Em setembro, o valor caiu 9,08%, atingindo R$ 2,0509 o litro na "Média Brasil" líquida. Em termos reais, o recuo é de 31,54% em relação a setembro do ano anterior, considerando a deflação pelo IPCA de setembro de 2023.

O movimento de queda nos preços, iniciado em maio, é explicado principalmente pelo aumento da disponibilidade interna de lácteos, impulsionado pelo aumento da captação nacional, importações ainda elevadas e um mercado interno sensível aos preços. A pressão dos canais de distribuição nas negociações com os laticínios tem levado à queda dos preços dos derivados lácteos, que, por sua vez, afeta os produtores.

Mesmo com uma retração de 21,8% no volume de leite importado pelo Brasil em setembro, as compras externas ainda permaneceram em níveis elevados. No acumulado de janeiro a setembro de 2023, as importações atingiram 1,6 bilhão de litros em equivalente leite, quase o dobro do volume registrado no mesmo período do ano anterior.

Em relação à produção nacional, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea mostrou um aumento de 0,36% de agosto para setembro, indicando uma desaceleração na captação. Além do clima adverso no Sul do país, o estreitamento da margem do pecuarista é outro fator que contribui para o crescimento lento da produção.

Uma pesquisa do Cepea revelou que houve um aumento de 0,56% no Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na "Média Brasil" de agosto para setembro, sendo a segunda alta consecutiva. Esse aumento se deve, em grande parte, à valorização de insumos produtivos como adubos, corretivos e diesel. Além disso, a retração na receita do produtor desde julho superou a desvalorização do milho, reduzindo o poder de compra do produtor. Em setembro, foram necessários 26,6 litros de leite para comprar uma saca de milho, um aumento de 12,3% em relação a agosto.

Com o excesso de oferta de lácteos e um mercado doméstico sensível aos preços, os estoques de derivados nas indústrias e canais de distribuição aumentaram em setembro. Isso resultou em uma queda nos preços do leite UHT, da muçarela e do leite em pó fracionado nas negociações entre laticínios e canais de distribuição no estado de São Paulo, com reduções de 6,3%, 2,3% e 4,2%, respectivamente, em comparação com agosto.

A expectativa do setor é de que o cenário de queda nos preços do leite cru captado se mantenha em outubro, embora com menor intensidade.

 
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