11/01/2023 às 11h04min - Atualizada em 11/01/2023 às 11h04min

Pecuaristas gaúchos dizem que neste terceiro ano de La Niña as perdas são irreversíveis

No terceiro ano da La Niña, os pecuaristas gaúchos já consideram os danos irreversíveis no rebanho do estado. O gado está emagrecendo, os campos praticamente queimados e o setor sente falta de políticas públicas de prevenção à seca.

O Instituto Desenvolve Pecuária alerta para o impacto, que irá além da porteira. Haverá reflexo nas contas públicas, com redução no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, informou a entidade nesta terça-feira (10). A informação é da jornalista Ieda Risco.

Pecuaristas de todo território do estado fazem os mesmos relatos. Arturo Isamendi, pecuarista em Candiota (RS), conta que na região há criadores com porteiras sem respeitar a categoria animal por falta de água. Ele cobra ações do gestor municipal. “Não sei o que o prefeito está esperando que não decreta emergência”, disse ele, acrescentando que está com a cacimba chegando ao limite e já teve que solicitar um caminhão-pipa para se abastecer.

Criador na fronteira-oeste, Glauco Monteiro ressaltou que em Itaqui (RS) e Uruguaiana (RS) a seca é muito forte e até mesmo os reservatórios estão muito baixos. Ele acredita que os anos seguidos de La Niña possam ter afetado o lençol freático e que o gado parou de engordar faz tempo. O criador estima que mesmo que volte a chover, os campos provavelmente não vão ter tempo de se recuperar. "Trabalhamos com muito campo nativo que está muito seco, e queimado, sem a vegetação rala", relatou.

Os relatos chegam de Pelotas, Cachoeira do Sul, Já Juliano Leon, de Pelotas (RS), contou que foi preciso mudar os planos. Para um dos pecuaristas ouvidos, produtores ao sul de Pelotas, que trabalham com terminação, estão entregando animais não bem terminados simplesmente para ajustar a lotação e resolver os problemas causados pela seca.

O presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luís Felipe Barros, denuncia a total falta de incentivo por parte do poder público para auxiliar os produtores. “O Estado ainda tem que melhorar a questão das leis ambientais, que é extremamente rígida, tem que melhorar a questão de subsídios para que se possa fazer as barragens, para que se possa fazer as contratações dos pivôs e não sofrer tanto com a estiagem”, afirmou.

Em entrevista ao site CarneTec, Barros disse que se está discutindo estiagem há três anos. “Os produtores poderiam ter tomado movimentos estratégicos em relação à seca, porque ela tinha sido prevista, se sabia dela, e então poderiam algumas atuações terem sido realizadas e não foram. As pessoas ficaram estáticas”, avaliou o dirigente. Ele também garante que a conta não fica só para a cadeia da carne. “O impacto que causa a seca é inclusive sentido nas contas do Estado, com a diminuição da safra e, consequentemente, do PIB, desalinhando a balança comercial”, concluiu.

Da Redação, com CarneTec Brasil


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