Estudos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) mostram que a recuperação das pastagens como determina a tecnologia do Plano ABC no período entre 2010 e 2018 elevaram o Produto Interno Bruno Brasileiro (PIB) em 0,31%, o equivalente a R$ 17 bilhões.
A Universidade e o Instituto usaram imagens de satélite do Laboratório de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG) para monitorar 20 milhões de hectares de pastagens recuperadas onde foi implantada uma das sete tecnologias propostas pelo plano ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Mariane Crespolini, diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, sucederam em resultados socioeconômicos. Permitiram, além dos ganhos ambientais, o aumento da renda do produtor rural, do consumo das famílias, dos empregos, dos salários e da arrecadação tributária. Além do aumento na produtividade nas pecuárias de corte e de leite.
Mariane, que é doutora em Desenvolvimento Econômico, diz que “o estudo validou o tripé social, ambiental e financeiro das ações de produção sustentável desenvolvidas pelo Plano ABC. Antes de termos esse resultado, o Plano mostrava a mitigação de carbono. Só que é muito mais do que isso: nós mitigamos carbono, geramos mais empregos, mais impostos. Tivemos um efeito muito positivo na economia e na vida das pessoas. Esse é o verdadeiro sucesso do ABC”.
O Plano ABC é uma política pública que nasceu para mitigar as emissões de gás para evitar o efeito estufa, composto por outras seis tecnologias: integração lavoura-pecuária-floresta; sistemas agroflorestais; sistema plantio direto; fixação biológica de nitrogênio; florestas plantadas; tratamento de dejetos animais. Realizado entre 2010 e 2020, o ABC mitigou cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma área de 52 milhões de hectares.
Agora, a partir da mesma metodologia, será realizado um estudo para as áreas atendidas com a tecnologia de irrigação do ABC+. Esta é a segunda etapa do Plano ABC, que acrescentou a irrigação como tecnologia para uma produção sustentável no agro brasileiro.
A meta é reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário em uma área de 72,68 milhões de hectares até 2030. O valor em mitigação das emissões é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa na década passada.
Impacto na política agrícola e na sociedade
O Plano ABC é um estudo que apresentou impacto social da recuperação de 56% das pastagens, o equivalente a 6,5% de valor real ao ano, descontada a inflação. É a linha de crédito do Plano Safra com taxa de juros subsidiada para financiar investimentos em tecnologias e sistemas de produção que contribuem para promover uma atividade agropecuária mais adaptada às mudanças climáticas e também mitigadora de gases de efeito estufa.
O Secretário de Política Agrícola, Guilherme Bastos, aponta que “o estudo mostra que vale a pena investir num modelo em que a gente disponibiliza uma linha de crédito com taxas de juros mais baixas que as de mercado, e que há um retorno para a economia”.
O estudo ainda confirma o papel das políticas públicas como impulsionadoras de práticas ASG (Ambiental, Social e Governança). “É uma situação de ganha-ganha”. Além das simulações de impactos econômicos e sociais, o estudo também apresentou a intensidade das emissões de gases de efeito estufa. Ao considerar o sequestro de carbono no solo, processo que ocorre em áreas bem manejadas da produção agropecuária, para a pecuária de corte houve uma redução de 9,67% das emissões por quilo de carne produzida. Para a pecuária de leite, a redução foi de 5,86% por litro produzido.
Uma mudança importante se vê na intensificação sustentável da produção, que exige uma mão de obra mais qualificada, o que é considerado positivo. Porém, complementarmente, são necessárias políticas públicas que promovam a qualificação daqueles trabalhadores que já estavam empregados em sistemas de modelo extensivo, avalia Mariane Crespolini como oportunidade para a ampliação da capacitação no campo.
Da Redação, com informações do Mapa