A produção de café arábica no Brasil vive um período desafiador desde 2020. Segundo especialistas, eventos climáticos extremos vêm comprometendo o rendimento e a resiliência da variedade, tradicionalmente marcada pela bienalidade produtiva. O tema foi debatido nesta quinta-feira (14) durante o 7º Fórum Café e Clima da Cooxupé.
De acordo com Guilherme Vinicius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da cooperativa, muitos produtores estão gastando 10% a mais de grãos para encher uma saca beneficiada. Além disso, a primeira florada foi registrada em lavouras recém-colhidas, o que antecipa preocupações para a safra de 2026.
O agrônomo Marco Antônio dos Santos, sócio-fundador da Rural Clima, prevê que as condições climáticas para 2026 serão melhores, com chuvas regulares e temperaturas mais amenas. No entanto, alerta que o excesso de floradas em momentos distintos pode prejudicar a qualidade do café, gerando colheita com frutos em diferentes estágios de maturação.
Para o professor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), a variedade perdeu a capacidade de recuperação frente a condições adversas: “A cada ano o arábica despenca em produtividade, enquanto o conilon se mostra mais resistente e deve superar a média histórica registrada em 2022”.