Mercado do café fecha em alta com temor de tarifas de Trump e impacto do clima no Brasil

Robusta sobe mais de 4% em Londres; arábica avança em NY com cenário de incerteza comercial e perdas na safra brasileira

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
29/07/2025 09h17 - Atualizado há 2 dias
Mercado do café fecha em alta com temor de tarifas de Trump e impacto do clima no Brasil
Foto: reprodução

Os contratos futuros do café encerraram a sessão desta segunda-feira (28) em forte alta nas bolsas internacionais. A valorização foi impulsionada por preocupações com o cenário climático no Brasil maior produtor mundial e pela proximidade da imposição de uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro pelos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, conforme anunciou o ex-presidente e atual candidato Donald Trump.

Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), o café robusta liderou os ganhos com alta de mais de 4% no contrato para setembro/25, que fechou cotado a US$ 3.358 por tonelada. Já os contratos de novembro e janeiro/26 encerraram em US$ 3.308 e US$ 3.277 por tonelada, respectivamente, também em alta. Segundo o Barchart, os fundos aumentaram suas posições líquidas vendidas em robusta na semana encerrada em 22 de julho para o maior nível em dois anos. Essa posição técnica pode intensificar a cobertura e dar sustentação a novas altas.

Em Nova York (ICE Futures US), o café arábica também subiu com força. O contrato para setembro/25 fechou em 301,70 cents/lbp, com avanço de 415 pontos. Os vencimentos de dezembro/25 e março/26 também registraram altas significativas, fechando em 294,65 e 288,05 cents/lbp, respectivamente.

A valorização do café ocorre em meio ao receio de perdas na safra brasileira 2025/26 após a tempestade de granizo que atingiu mais de 15 municípios produtores no Sul de Minas Gerais na última sexta-feira (25). O evento climático, fora do período típico de ocorrência, derrubou frutos e causou danos severos às plantas, o que acendeu o alerta no mercado sobre impactos na produtividade, especialmente do café arábica.

"O mercado segue sensível tanto ao clima quanto à guerra tarifária com os EUA", comentou Marcelo Moreira, analista da Archer Consulting. "Com a proximidade de agosto, cresce o temor de que a tarifa de 50% seja efetivamente aplicada, o que gera incerteza sobre a competitividade do café brasileiro no mercado norte-americano."

Segundo o boletim do Escritório Carvalhaes, entidades do setor cafeeiro dos Estados Unidos seguem em negociação com o governo em Washington, tentando isentar o café brasileiro da tarifa proposta por Trump. No entanto, até o momento, não houve avanço oficial.

Do lado da oferta, o mercado acompanha a colheita da safra brasileira, que já passou de 70% do total. Os dados confirmam um aumento na produção do conilon (robusta) em comparação com 2024, mas indicam queda na colheita de arábica variedade que responde por boa parte das exportações brasileiras.

 

Mercado interno também reage
 

As cotações no Brasil seguiram o movimento positivo das bolsas internacionais. Em Campos Gerais/MG, o café arábica tipo 6 subiu 2,16%, encerrando o dia a R$ 1.890 por saca. Em Varginha/MG, o avanço foi de 1,07% e em Araguari/MG, de 0,53%, com o café sendo negociado a R$ 1.900/saca. Já o café cereja descascado registrou alta de 2,09% em Campos Gerais (R$ 1.950/saca) e 0,45% em Poços de Caldas/MG, cotado a R$ 2.250/saca.

Com o mercado pressionado por variáveis climáticas e políticas, analistas projetam continuidade da volatilidade nas próximas semanas, especialmente com a confirmação ou não da tarifa norte-americana e seus possíveis impactos nas exportações brasileiras.

 


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