O setor cafeeiro está em alerta após o anúncio do governo dos EUA sobre uma possível tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Especialistas consideram a medida um “tiro no próprio pé”, já que o Brasil é o principal fornecedor de café para os americanos.
Atualmente, cerca de 33% do café consumido nos EUA é de origem brasileira, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Na safra 2024/25, foram embarcadas 7,468 milhões de sacas. A substituição desse volume por outro fornecedor é considerada inviável.
“O Brasil produz mais de 40 milhões de sacas de arábica, enquanto o segundo maior produtor, a Colômbia, produz cerca de 12 milhões. E a maior parte da produção colombiana já vai para os EUA. Não há de onde tirar 6 milhões de sacas de forma imediata”, explica Fernando Maximiliano, analista da StoneX.
Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, reforça que o grão brasileiro é o mais competitivo do mundo em sabor, qualidade e custo. Ele alerta que uma tarifa pode gerar inflação direta ao consumidor americano, que está satisfeito com o produto nacional.
Um estudo da National Coffee Association (NCA) revela que 76% dos americanos consomem café regularmente e que cada dólar gasto em café verde brasileiro gera US$ 43 na economia local, movimentando cerca de US$ 343 bilhões e sustentando 2,2 milhões de empregos nos EUA.
Entidades brasileiras e representantes da cadeia produtiva estão negociando com o governo Trump para que o café seja classificado como produto estratégico e fique de fora da nova política tarifária. Especialistas alertam que a imposição dessas tarifas poderá desorganizar completamente o mercado global de café.
