O mercado brasileiro de milho segue com poucas movimentações nesta quarta-feira (23), diante do avanço da colheita e da baixa sustentação vinda do câmbio e da Bolsa de Chicago. O cenário interno permanece pressionado, com compradores cautelosos e vendedores ainda relutantes, o que reduz o ritmo das negociações.
Segundo o consultor Paulo Molinari, da Safras & Mercado, a colheita avança nas principais regiões produtoras do país, mantendo a pressão sobre os preços domésticos. A volatilidade limitada do dólar e as quedas recentes nos portos também contribuíram para frear a formação de base mais firme para os negócios.
O clima de incerteza política também pesa sobre o mercado. Há apreensão entre os agentes quanto à possibilidade de uma greve geral no Brasil, especialmente envolvendo a categoria dos caminhoneiros, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro seja preso. Esse risco político eleva a cautela e reduz o apetite por novas transações no curto prazo.
Os preços seguem estáveis em várias praças. No Porto de Santos, a saca do milho está entre R$ 65 e R$ 70, enquanto em Paranaguá varia de R$ 65,50 a R$ 69. Em regiões produtoras, como Cascavel (PR), o valor fica entre R$ 57 e R$ 58; em Campinas (SP), entre R$ 64 e R$ 66. No Mato Grosso, os valores variam de R$ 51 a R$ 54.
No mercado internacional, os contratos futuros em Chicago têm leve recuperação. O vencimento para dezembro de 2025 está cotado a US$ 4,18 1/4 por bushel, com alta de 0,25 centavo. A volatilidade persiste, com influência de fatores como clima favorável nos Estados Unidos e acordos comerciais recentes com o Japão e possíveis avanços com a China, o que alivia os temores de retaliações às exportações agrícolas dos EUA.
Já o dólar comercial opera com leve baixa de 0,02%, cotado a R$ 5,5657, enquanto o Dollar Index sobe 0,03%, a 97,42 pontos. A movimentação cambial discreta, somada ao avanço da oferta global, sugere que o mercado de milho brasileiro pode continuar lateralizado nos próximos dias.
