Inteligência artificial avança em confinamentos e granjas

Soluções nacionais e internacionais impulsionam práticas como rastreabilidade e promoção do bem-estar animal

- Da redação, com Globo Rural
03/06/2025 08h46 - Atualizado há 2 semanas
Inteligência artificial avança em confinamentos e granjas
Foto: reprodução

Nos 15 confinamentos bovinos atendidos pela Nutron, marca da Cargill voltada à nutrição animal no Brasil, drones autônomos realizam sobrevoos regulares para capturar imagens dos animais. Essas fotos são enviadas a uma plataforma digital, onde um sistema de inteligência artificial processa os dados, contabiliza os animais em cada curral, verifica se estão deitados ou em pé, próximos ou afastados dos cochos e bebedouros. A tecnologia também identifica a quantidade de comida nos cochos e faz a contagem precisa dos bovinos.

Embora ainda se diga que a pecuária demora mais do que a agricultura na adoção de novas tecnologias, o avanço está em curso. Ferramentas que integram reconhecimento por imagem, IA e drones já são uma realidade crescente em diversos setores da pecuária e em propriedades de todos os portes.

No caso da Nutron, o sistema proporciona ao produtor acesso imediato a informações sobre o comportamento e o bem-estar do rebanho. Essa ferramenta, batizada de CattleView, permite decisões mais assertivas com base nos dados gerados.

“Isso nos tira subjetividade e traz objetividade [na análise] do comportamento dos animais”, afirma Felipe Bortolotto, gerente de tecnologia para gado de corte da Cargill. Desde seu lançamento em 2022, o sistema já acompanha 400 mil bovinos.

A companhia norte-americana calcula que o CattleView pode representar uma economia de aproximadamente US$ 1 por animal ao ano em custos com mão de obra e outro US$ 1 na redução do desperdício de ração. Além disso, projeta um aumento de US$ 6 por cabeça no lucro anual.

No Grupo Caaporã Agrossilvipastoril, que possui duas propriedades em Tocantins com sistema silvipastoril (integração entre pastagem e árvores), a tecnologia da iRancho possibilitou aumentar a lotação média de 0,8 para 2 animais por hectare.

A agtech, especializada na gestão individualizada de dados com foco em pecuária de baixo carbono, opera há cerca de um ano nas fazendas do grupo. Atualmente, a iRancho atende mais de 10 mil propriedades no Brasil, monitorando mais de 6 milhões de bovinos.

Desde a implantação do sistema, os animais da Caaporã passaram a registrar ganhos diários de peso quatro vezes maiores, alcançando 600 gramas por dia. A meta da empresa para 2026 é chegar a 3 animais por hectare e 700 gramas diárias de ganho por cabeça.

“Não seria possível atingir resultados tão robustos utilizando métodos tradicionais. A tecnologia é essencial nesse processo”, afirma Luis Fernando Laranja, CEO e fundador do Grupo Caaporã. Por meio do modelo silvipastoril, a empresa recupera áreas degradadas, transformando-as em pastagens altamente produtivas.

Outro recurso que vem sendo cada vez mais utilizado é a rastreabilidade individual dos animais. “Precisamos ter cada vez mais informações confiáveis de cada animal para produzir uma carne de baixo carbono”, ressalta Laranja.

Segundo Thiago Parente, CEO da iRancho, alcançar altos níveis de precisão sem um sistema de gestão é inviável. “O pecuarista já entendeu que precisa de uma solução que tenha um banco de dados apoiado por alta tecnologia, capaz de fornecer todo o histórico de evolução do animal”, diz.

Outros segmentos da pecuária compartilham das mesmas preocupações. Para melhorar a segurança sanitária nas criações de aves, a empresa holandesa Vaxxinova, especializada em saúde animal, apresentou uma solução baseada em inteligência artificial desenvolvida pelo instituto Venturus.


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