Plano Safra 2025/26 será reestruturado com foco técnico e mais rigor no crédito

Governo e entidades apontam fim do viés político e reforço na alocação estratégica de recursos

- Da Redação, com MoneyTimes
30/05/2025 09h10 - Atualizado há 1 dia
Plano Safra 2025/26 será reestruturado com foco técnico e mais rigor no crédito
Foto: Reprodução

O Plano Safra 2025/2026 passará por uma reengenharia profunda, segundo indicaram representantes do governo e do setor agropecuário durante audiência pública realizada na quarta-feira (28) pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. O encontro, presidido pelo senador Zequinha Marinho, confirmou que o novo ciclo agrícola será pautado por critérios técnicos, maior controle e uso mais eficiente dos recursos.

Com a taxa Selic ainda elevada e o cenário fiscal apertado, o Ministério da Fazenda tem conduzido uma reformulação das fontes de financiamento do crédito rural. A ideia é garantir melhor alocação dos recursos e reduzir a influência de decisões políticas no processo de distribuição. O desempenho das instituições financeiras na execução do plano anterior será levado em conta para definir os volumes que poderão ser operados no novo ciclo.

Um dos pontos centrais da discussão foi o papel das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), hoje isentas de Imposto de Renda para o investidor, mas que representam mais da metade dos chamados recursos “livres”. Gilson Bittencourt, representante da Fazenda, destacou que, mesmo com esse nome, esses recursos têm direcionalidade legal e finalidade pública clara — e por isso exigem responsabilidade na aplicação.

Crédito focado no custeio, não em investimentos

Diante das incertezas econômicas e climáticas, o novo plano terá foco no custeio da produção, e não em grandes investimentos estruturais. A prioridade será garantir o funcionamento das lavouras e a continuidade da produção, em vez de expandir capacidade ou infraestrutura.

Outro tema sensível é o seguro rural. Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do MAPA, defendeu a aprovação do Projeto de Lei 2951/2023, que moderniza o sistema de seguros do campo. A proposta é reforçar o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), usando tecnologia e estimulando a participação do mercado privado na cobertura de riscos, especialmente os climáticos.

No entanto, ainda não há clareza sobre quanto será destinado à subvenção em 2026. A falta de previsibilidade nesse ponto preocupa entidades representativas do setor, que veem o seguro como peça-chave para a resiliência da agropecuária brasileira.

Governança e previsibilidade

A necessidade de um planejamento de médio e longo prazo também foi destacada pelo senador Hamilton Mourão (PL-RS), que criticou a instabilidade anual do plano. Para ele, a dependência de decisões de última hora impõe custos adicionais à produção e à cadeia do agronegócio.

Já Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, chamou atenção para os impactos da regulação ambiental sobre o crédito. Segundo ele, normas mal calibradas têm se tornado entraves adicionais para produtores que querem atuar dentro da legalidade.

A expectativa do setor agora está voltada para o anúncio do volume total de recursos que será destinado ao Plano Safra 2025/26, especialmente para o PSR. Mais do que valores, o campo aguarda um sinal claro de que haverá previsibilidade, racionalidade econômica e segurança jurídica.


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