Déficit global de milho deve continuar em 2026 e impulsionar preços no mercado internacional

Mesmo com safra recorde nos EUA e produção robusta no Brasil, mundo ainda terá escassez do cereal; milho brasileiro segue como o mais competitivo

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
30/05/2025 08h19 - Atualizado há 1 dia
Déficit global de milho deve continuar em 2026 e impulsionar preços no mercado internacional
Foto: reprodução

Mesmo com safras robustas em andamento nos Estados Unidos e no Brasil, o mundo ainda enfrentará escassez de milho em 2026. A previsão é do consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, que aponta para um déficit persistente e para uma valorização do cereal no mercado internacional no próximo ano. “Vai faltar milho no ano que vem”, resume.
 

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra 2024/25 já registra déficit de cerca de 30 milhões de toneladas, com produção estimada em 1,221 bilhão de toneladas e consumo de 1,250 bilhão. Para a temporada 2025/26, mesmo com aumento da produção para 1,264 bilhão de toneladas, o consumo estimado de 1,274 bilhão ainda deixaria um buraco de 10 milhões de toneladas, número que pode crescer com a demanda crescente e eventuais problemas climáticos.
 

Brandalizze acredita que os fundamentos para o milho seguem positivos e projeta preços acima de US$ 5 por bushel em julho de 2026. “Mesmo com boa safra, o déficit pode chegar a 20 milhões. O mercado vai acordar para isso”, diz. Ele avalia que os preços devem se ajustar e operar entre US$ 4,50 e US$ 5 por bushel, com picos em meses mais críticos.
 

No Brasil, a segunda safra já está em colheita e deve ultrapassar 100 milhões de toneladas. O país deverá consumir, pela primeira vez, mais de 90 milhões de toneladas e pode exportar até 40 milhões ainda em 2025, segundo projeções. Os estoques finais brasileiros, porém, seguem apertados: em janeiro de 2026, podem chegar a 14,28 milhões de toneladas, o equivalente a 59 dias de consumo. Para o ano seguinte, os estoques cairiam para 13,52 milhões, cobrindo apenas 54 dias.
 

O milho brasileiro também se mantém como o mais competitivo do mundo, com preços cerca de 10 centavos por bushel mais baratos que os dos EUA. A qualidade do grão colhido na seca, aliada à boa paridade de exportação, garante ao país protagonismo global. Segundo o analista Cristiano Palavro, da Pátria Agronegócios, “o milho brasileiro vai equilibrar o mercado em 2025 e 2026, apesar da pressão da oferta no curto prazo”.
 

A expectativa é que a demanda externa continue forte, com destaque para a China, que enfrenta dificuldades climáticas e pode aumentar as compras em 2026. A inconsistência chinesa nas importações gera incertezas, mas também cria espaço para o milho brasileiro ampliar sua fatia de mercado.

 

 

 


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