Desmatamento no Brasil cai 32%, mas Cerrado segue como o bioma mais afetado

Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares de vegetação nativa em 2024, frente a 1.829.597 hectares em 2023

15/05/2025 11h09 - Atualizado há 8 horas
Desmatamento no Brasil cai 32%, mas Cerrado segue como o bioma mais afetado
Foto: reprodução

O desmatamento no Brasil caiu 32,4% em 2024 na comparação com o ano anterior, segundo o relatório anual da Rede MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (15/5). Essa é a segunda queda consecutiva registrada no país e a primeira vez, desde 2019, que houve redução em todos os biomas — com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável.

Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares de vegetação nativa em 2024, frente a 1.829.597 hectares em 2023. A queda no número de alertas de desmatamento validados também foi significativa: 26,9% a menos do que no ano anterior.

Cerrado lidera perdas pelo segundo ano seguido

Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma mais desmatado do país, com 652.197 hectares suprimidos — o equivalente a 52,5% de toda a vegetação nativa perdida no Brasil em 2024. A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento no Cerrado e cerca de 42% da perda total no país. Ainda assim, houve uma queda de 40% em relação ao desmatado em 2023.

Amazônia vem em seguida

A Amazônia aparece como o segundo bioma mais impactado, com 377.708 hectares desmatados, representando 30,4% do total nacional. A floresta perdeu em média sete árvores por segundo ao longo do ano passado. Houve uma queda de 31% no número de grandes alertas (acima de 100 hectares). A área média desmatada por dia na Amazônia foi de 3.403 hectares — o equivalente a 141,8 hectares por hora.

Juntos, Cerrado e Amazônia responderam por quase 89% de toda a área desmatada no país em 2024.

Caatinga tem maior desmate pontual

O maior caso isolado de desmatamento registrado ocorreu na Caatinga, com 13.628 hectares destruídos em apenas três meses em uma única propriedade no Piauí — o que equivale a uma média de seis hectares por hora. O bioma foi o terceiro mais desmatado do país, com perda total de 174.511 hectares (14% do total nacional).

Outros biomas

Pantanal, Pampa e Mata Atlântica somaram 3,1% da área desmatada em 2024. O Pampa teve a menor perda registrada: 896 hectares (0,1%). Já o Pantanal perdeu 23.295 hectares (1,9%), e a Mata Atlântica, 13.472 hectares (1,1%).

A Mata Atlântica teve uma variação considerada estável, com alta de 2%. A elevação foi influenciada pelos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024, que resultaram em um aumento de 70% na perda de vegetação no estado. Sem esses eventos, o desmatamento na região teria caído cerca de 20% em relação a 2023.

Estados mais desmatadores

O Maranhão lidera o ranking dos estados que mais desmataram, com 17,6% do total nacional, mesmo com uma redução de 34,3% na área desmatada em relação a 2023. Pará, Tocantins, Piauí e Bahia completam a lista dos cinco estados com maior desmatamento — juntos, respondem por mais de 65% da área total perdida no Brasil.

O Pará, que será sede da COP30, foi o estado com maior área desmatada entre 2019 e 2024: 1.984.813,8 hectares. O Acre foi o único estado da Amazônia com aumento no desmatamento em 2024, com alta de 31%. No entanto, a região conhecida como Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) teve uma redução geral de 13%.

Agropecuária é o principal vetor

Segundo o relatório, mais de 97% do desmatamento registrado nos últimos seis anos tem origem na pressão da agropecuária. Outros fatores variam conforme o bioma. O garimpo, por exemplo, responde por 99% da área desmatada na Amazônia, enquanto 93% da perda de vegetação associada a empreendimentos de energia renovável ocorreram na Caatinga desde 2019.

Já o Cerrado concentrou 45% das áreas desmatadas ligadas à expansão urbana em 2024. A maior parte da degradação nesse bioma ocorre dentro da legalidade, já que o Código Florestal exige a preservação de apenas 20% da vegetação nativa fora da Amazônia Legal. Dentro dessa região, o percentual sobe para 35%, mas isso representa apenas 37% do território total do Cerrado.

Com apenas 3% de sua área sob proteção integral, o avanço da agricultura segue como uma das principais causas da devastação do bioma.

 

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