A pecuária brasileira está diante de uma oportunidade histórica: liderar a agenda climática global por meio da recuperação de pastagens degradadas. Essa é a avaliação de especialistas da Embrapa Territorial, que defendem a prática como essencial para tornar o Brasil referência em sustentabilidade no agro.
Em entrevista ao programa Giro do Boi, na quarta-feira (16), Gustavo Spadotti, chefe da Embrapa Territorial, afirmou que o país tem tecnologia e dados concretos para mostrar ao mundo que é possível aumentar a produtividade e reduzir impactos ambientais simultaneamente.
Segundo Spadotti, a Embrapa mapeou 44 milhões de hectares com algum nível de degradação. A meta é aproveitar essas áreas para reforma de pastagens, conversão agrícola, implantação de florestas comerciais ou recuperação de ecossistemas — tudo sem avançar sobre novas áreas de vegetação nativa.
O solo das pastagens bem manejadas pode atuar como um verdadeiro "sumidouro de carbono", capturando gases de efeito estufa e colaborando com as metas climáticas. Em contrapartida, pastagens degradadas emitem carbono, comprometendo a sustentabilidade e a rentabilidade das propriedades.
Além do impacto ambiental positivo, a recuperação de pastagens traz benefícios econômicos: melhora a fertilidade do solo, reduz custos com insumos e garante maior desempenho zootécnico dos animais. Isso significa mais produção sem a necessidade de abrir novas áreas, favorecendo também a segurança alimentar.
Atualmente, o Brasil preserva cerca de 66% de seu território e ocupa apenas 30% com produção agropecuária, o que reforça seu papel de liderança em sustentabilidade global. Os dados fazem parte do gráfico de uso e ocupação das terras divulgado pela Embrapa.
Com a COP 30 marcada para Belém (PA), o setor agropecuário se prepara para mostrar ao mundo que o país é capaz de produzir e preservar. Para Spadotti, o Código Florestal brasileiro é um modelo único, e os produtores rurais são protagonistas dessa história.