Mais Arrobas com o Uso de Enzimas

João Menezes
30/04/2025 09h05 - Atualizado há 3 dias
Mais Arrobas com o Uso de Enzimas
João Menezes

As enzimas têm um papel importante na digestão dos alimentos pelos animais, porém os resultados ao seu uso em dietas ainda não estão consolidados. Várias enzimas que melhoram a digestão de amido e celulose têm sido testadas, algumas com resultados positivos na melhora de dietas de bovinos. As enzimas celulolíticas e amidolíticas podem ser usadas em dietas com a finalidade de melhorar o resultado da engorda de bovinos em pastagens e confinamentos.

O uso de enzimas exógenas na alimentação animal tem como objetivo complementar a ação dos microrganismos ruminais e melhorar a digestão de nutrientes, especialmente aqueles que apresentam barreiras estruturais à degradação, como a celulose e o amido. As enzimas celulolíticas, como a celulase, atuam na quebra das fibras vegetais, enquanto as amidolíticas, como a amilase, aceleram a conversão do amido em unidades menores e mais facilmente fermentáveis no rúmen.

Nos sistemas de pastagens, caracterizados por dietas ricas em forragens e com alto teor de fibra, as enzimas celulolíticas têm sido amplamente estudadas. Alguns trabalhos mostram que a suplementação com essas enzimas pode aumentar a taxa de digestão da fibra em detergente neutro (FDN), resultando em uma maior absorção de nutrientes energéticos. Consequentemente, bovinos em pastagens suplementados com celulases demonstraram maior ganho de peso em comparação àqueles que não receberam a suplementação.

No entanto, os resultados variam dependendo de fatores como o tipo de pastagem, condições climáticas e manejo. Por exemplo, pastagens tropicais, que geralmente possuem maior teor de lignina, podem apresentar uma redução na eficiência da ação enzimática. Além disso, a estabilidade das enzimas no ambiente ruminal, onde o pH pode variar, é uma limitação importante.

Nos sistemas de confinamento, onde a dieta é predominantemente composta por silagens e grãos, o uso de enzimas amidolíticas tem mostrado efeitos positivos na digestão de amido. Estudos indicam que a adição de amilase às dietas pode aumentar a taxa de conversão alimentar, resultando em um melhor desempenho produtivo (Figura 1). A maior disponibilização de energia derivada do amido favorece não apenas o ganho de peso, mas também a produção de leite em vacas lactantes.

Figura 1. Ganho de peso em terminação e peso de carcaça de animais suplementados com amilase exógena (Amaize®). Adaptado de Jolly-Breithaupt et al., 2018

Entretanto, como no caso das pastagens, a eficiência dessas enzimas pode ser influenciada por fatores como a composição da dieta e a adaptação dos microrganismos ruminais à suplementação. Estudos também ressaltam que o uso de enzimas em dietas já bem balanceadas pode não trazer benefícios adicionais significativos, destacando a importância de uma análise prévia da dieta e do sistema de produção.

Apesar do potencial das enzimas, algumas limitações devem ser consideradas. A eficácia das enzimas depende de sua estabilidade ao longo do processo digestivo, principalmente no rúmen, onde o pH é um fator crítico. Além disso, o custo da suplementação enzimática pode ser um entrave para pequenos e médios produtores, especialmente se os benefícios em desempenho não justificarem o investimento.

O uso de enzimas exógenas na nutrição de bovinos apresenta-se como uma ferramenta promissora para melhorar a digestão e a absorção de nutrientes, especialmente em sistemas de produção que enfrentam desafios relacionados à baixa digestibilidade das dietas. Tanto em pastagens quanto em confinamentos, as enzimas podem contribuir para ganhos de eficiência alimentar e produtiva. Contudo, sua aplicação deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa das condições do sistema de produção, da composição da dieta e do custo-benefício da suplementação.


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