Mais Arrobas com rotação intensiva + ILPF

João Menezes
21/05/2025 09h35 - Atualizado há 2 dias
Mais Arrobas com rotação intensiva + ILPF
Foto: reprodução

Duas tecnologias que já consolidadas na pecuária, o pastejo rotacionado e a integração lavoura-pecuária (ILP), quando aplicadas em conjunto, têm o potencial de multiplicar os resultados de produtividade e eficiência do sistema. A integração entrega à pecuária pastagens jovens, produtivas e com alto valor nutritivo, enquanto o pastejo rotacionado maximiza o aproveitamento dessa forragem, favorecendo sua longevidade, reduzindo perdas por pisoteio e garantindo oferta regular de massa e qualidade ao longo do tempo.

A divisão estratégica da área com cercas elétricas, o uso racional da lotação e o manejo criterioso dos períodos de ocupação e descanso dos piquetes são práticas que favorecem o consumo eficiente da forragem. Esse sistema reduz a degradação das pastagens recém-formadas e contribui para a manutenção da estrutura do solo, especialmente em áreas de integração, onde o componente agrícola será reintroduzido no ciclo seguinte.

Mas para que essas tecnologias entreguem o potencial que prometem, é preciso mais que a adoção física das estruturas. O verdadeiro ganho vem do conhecimento técnico aplicado ao manejo da qualidade da forragem e da suplementação, ajustado à demanda dos animais e à realidade de cada piquete.

A ILP, quando bem conduzida, entrega pastagens com alta densidade de plantas por hectare, perfilhamento vigoroso e excelente valor nutritivo. Isso se traduz em forragem com maior teor de proteína bruta, digestibilidade e menor teor de fibra indigestível. No entanto, sem controle sobre o ponto de entrada e saída dos animais, e sem conhecer a real qualidade dessa forragem, corre-se o risco de desperdício, seja por acúmulo e senescência, seja por subpastejo ou superpastejo.

Nesse cenário, o pastejo rotacionado entra como ferramenta de precisão. Ao se conhecer a oferta diária ideal por animal, definida em kg de MS/100 kg PV e ao se manejar os ciclos de descanso de acordo com o estágio fenológico da forrageira, cria-se um ambiente de alta eficiência. Para o animal, isso significa ganho de peso mais consistente. Para o solo e o pasto, significa persistência e produtividade por mais anos.

Outra peça-chave é a suplementação. De nada adianta fornecer um suplemento proteico ou energético de qualidade se ele é oferecido em um piquete com sobra de forragem senescente e baixa digestibilidade. A eficiência do suplemento depende diretamente da qualidade do pasto e do momento em que ele é ofertado. Em áreas de ILP, onde o pasto é novo e de alto valor, é possível obter respostas muito superiores com a mesma quantidade de suplemento. E mais: em piquetes bem manejados, a uniformidade do consumo melhora, reduzindo o desperdício e aumentando o retorno econômico da suplementação. Os efeitos da ILP associada ao pastejo rotacionado sobre o desempenho animal são positivos (Tabela 1).

Tabela 1 – Desempenho de bovinos em sistemas de pastagem convencional, pastejo rotacionado e ILP com pastejo rotacionado (Adaptado de Martha Jr. et al., 2011).

Esses números mostram que, ao transformar uma pastagem degradada em uma área de ILP bem manejada com pastejo rotacionado, é possível aumentar a produção de carne em até sete vezes. Esse salto não vem apenas da adubação ou do capim novo, mas sim da integração entre solo fértil, planta vigorosa, manejo de lotação e suplementação estratégica.

Portanto, mais do que adotar práticas modernas, é fundamental entender profundamente os fatores que regem a produtividade do sistema, qualidade da forragem, exigência nutricional dos animais, desempenho dos suplementos e uso eficiente da estrutura disponível. É esse conhecimento técnico, colocado em prática com consistência, que separa o modismo da verdadeira transformação produtiva.

A rotação intensiva combinada com a ILP é mais que uma escolha por tecnologia, é uma decisão estratégica por eficiência. Melhor produtividade não são obra do acaso: são construídas com planejamento, medição e manejo ajustado. E, nesse caminho, cada piquete bem manejado é um passo a mais rumo à pecuária de alta performance.

Além dos ganhos produtivos, o uso combinado da rotação intensiva com a ILP também favorece o equilíbrio no fluxo de caixa da fazenda. A regularidade na oferta de forragem e o melhor desempenho animal permitem escalonar abates e realizar vendas mais estratégicas, aproveitando janelas de melhor preço no mercado. Com isso, o sistema se torna menos vulnerável às variações sazonais e climáticas e o produtor passa a ter maior previsibilidade e controle sobre os resultados econômicos da atividade. Essa estabilidade financeira é essencial para viabilizar investimentos contínuos em adubação, cercas, água e suplementação, fechando um ciclo virtuoso de eficiência e produtividade.

 


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