Produção de etanol bate recorde, apesar de queda na moagem de cana em 2024/25

Centro-Sul colhe menos por hectare, mas supera marca histórica na fabricação de biocombustível

- Da Redação, com Canal Rural e Cepea
15/04/2025 09h28 - Atualizado há 17 horas
Produção de etanol bate recorde, apesar de queda na moagem de cana em 2024/25
Foto: Reprodução

A safra 2024/2025 de cana-de-açúcar foi marcada por uma combinação de desafios agronômicos e climáticos, que reduziram a quantidade colhida no Centro-Sul do Brasil, mas não impediram a quebra de recorde na produção de etanol. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (14) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a moagem de cana na região alcançou 621,876 milhões de toneladas, uma queda de 4,98% em relação ao ciclo anterior. Ainda assim, foram produzidos 34,959 bilhões de litros de etanol, o maior volume da história.

A redução na moagem já era esperada, após o desempenho excepcional registrado na safra passada. “Apesar da queda, essa foi a segunda maior moagem da história do Centro-Sul, com um recorde absoluto na fabricação de etanol”, destacou o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues.

Os dados revelam uma expressiva queda na produtividade agrícola: o rendimento médio das lavouras caiu 10,7%, passando de 87,1 para 77,8 toneladas por hectare. O estado de São Paulo, principal produtor da região e responsável por 57,5% da moagem, teve retração ainda maior, de 14,3%. Segundo a Unica, fatores como estresse hídrico, incêndios e clima desfavorável durante o desenvolvimento das lavouras impactaram o desempenho das plantações.

Apesar disso, a qualidade da cana colhida melhorou. O teor de açúcar (medido em ATR – Açúcares Totais Recuperáveis) subiu 1,33%, atingindo 141,07 kg por tonelada. O mix industrial nesta safra favoreceu levemente o etanol, que recebeu 51,95% da cana processada. A produção de açúcar, por sua vez, ficou em 40,169 milhões de toneladas, uma queda de 5,31% em relação à safra anterior.

O etanol de milho foi um dos grandes destaques do período. Com 8,19 bilhões de litros produzidos, a alta foi de 30,7% em comparação ao ciclo 2023/2024, representando quase um quarto (23,43%) da produção total do biocombustível no Centro-Sul. A produção de etanol hidratado subiu 10,27%, totalizando 22,592 bilhões de litros, enquanto a de etanol anidro caiu 5,63%, ficando em 12,366 bilhões de litros.

Segundo Rodrigues, a elevação da produção de etanol reflete tanto o maior direcionamento da cana para esse fim quanto o crescimento das usinas voltadas ao milho. "Esse ciclo agrícola foi marcado por desafios, mas também por avanços na eficiência e na diversificação da matriz produtiva do etanol brasileiro", afirmou.

Hidratado mantêm alta no mercado paulista

Os preços do etanol hidratado seguiram firmes no mercado paulista na última semana, com um leve aumento de 0,23% entre 7 e 11 de abril, conforme dados do Indicador CEPEA/ESALQ. O litro do etanol hidratado foi cotado a R$ 2,7460 (líquido de ICMS e PIS/Cofins), refletindo o suporte vindo do iminente início das atividades industriais em várias praças produtoras e dos estoques ainda reduzidos neste início de moagem.

Por outro lado, o etanol anidro apresentou queda de 2,48% no mesmo período, com o preço do litro atingindo R$ 3,0809 (valor líquido de impostos). Esse comportamento reflete a dinâmica do mercado, com o etanol anidro sofrendo uma ligeira desvalorização enquanto o hidratado se mantém mais firme.

Pesquisadores do Cepea destacam que a proximidade dos feriados prolongados contribuiu para a movimentação de negócios com volumes maiores de etanol, mas a quantidade total negociada ainda ficou abaixo das expectativas do mercado. O cenário de estoques baixos e o início das atividades de moagem indicam que, apesar das flutuações de preços, o etanol hidratado deve continuar com preços sustentados nas próximas semanas.


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