Dólar volta a subir no Brasil em meio à incerteza sobre impactos da guerra tarifária

O movimento refletiu a percepção de que, apesar do adiamento, o cenário de guerra comercial entre Estados Unidos e China, os dois principais combatentes neste momento, não será necessariamente positivo para o Brasil

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
11/04/2025 08h33 - Atualizado há 1 dia
Dólar volta a subir no Brasil em meio à incerteza sobre impactos da guerra tarifária
Foto: reprodução

Após forte recuo na sessão anterior, o dólar fechou a quinta-feira em alta no Brasil, pouco abaixo dos R$5,90, com o real sendo novamente penalizado pela incerteza sobre os impactos da guerra tarifária desencadeada pelos Estados Unidos.
 

O dólar à vista fechou em alta de 0,89%, aos R$5,8990, após ter cedido 2,53% na véspera. Em abril a divisa acumula elevação de 3,37%.
 

Às 17h29 de quinta-feira (10) na B3 o dólar para maio -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 1,10%, aos R$5,9065.
 

Após os ativos brasileiros terem reagido positivamente na véspera ao adiamento da cobrança de algumas tarifas pelos EUA, por 90 dias, nesta quinta eles foram penalizados, acompanhando as quedas das bolsas e das commodities no exterior, além do avanço do dólar ante divisas pares do real, como o peso chileno e o peso mexicano.
 

O movimento refletiu a percepção de que, apesar do adiamento, o cenário de guerra comercial entre Estados Unidos e China, os dois principais combatentes neste momento, não será necessariamente positivo para o Brasil. No mercado internacional o petróleo caía em torno de 3% e o farelo de soja cedeu mais de 1% -- dois produtos importantes para a pauta exportadora brasileira.
 

“A volatilidade da política comercial de Trump deve continuar sendo um fator de pressão negativo para as moedas emergentes, especialmente o real. A economia brasileira tem elevada sensibilidade à diminuição do crescimento da China e a taxa de câmbio vem sendo um dos principais mecanismos de transmissão desses riscos”, comentou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
 

Neste cenário, o dólar oscilou entre a mínima de R$5,8256 (-0,36%) às 9h30, ainda na primeira hora de negócios, e a máxima de R$5,9561 (+1,87%) às 13h27.
 

Internamente, um fator de pressão foi a informação de que a proposta do governo Lula de reestruturação do setor elétrico, que deverá chegar ao Congresso no primeiro semestre, poderá ter uma medida que amplia a gratuidade da conta de energia. Em meio às preocupações do mercado em relação ao equilíbrio fiscal, a possibilidade não foi bem recebida pelos agentes.
 

À tarde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou conter as preocupações ao afirmar que não há estudo em andamento, na Pasta ou na Casa Civil, sobre o programa Tarifa Social.
 

“O que não impede, evidentemente, o ministério de estudar o que quer que seja, mas nesse momento não há nada tramitando", acrescentou.
 

Durante a tarde a divisa dos EUA perdeu força ante o real, mas não o suficiente para virar para o negativo, em meio à incerteza no cenário global.
 

No exterior, o dólar seguia no fim da tarde em alta ante moedas como o peso chileno e o peso mexicano, mas cedia em relação ao iene, ao euro e a libra -- divisas que vêm sendo usadas como proteção em meio à guerra comercial. Às 17h28, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 1,82%, a 101,080.
 

Pela manhã, o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2025.


 

 

 

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