A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar novas tarifas de importação contra diversos países reacendeu as tensões da guerra comercial global. Embora o Brasil também tenha sido incluído na lista de nações afetadas, o imposto de 10% sobre os produtos brasileiros foi o mais baixo entre as taxas impostas — o que pode representar uma chance de ouro para o agronegócio nacional.
Enquanto países como China, Vietnã e União Europeia receberam tarifas de até 46%, o Brasil acabou ficando numa posição mais vantajosa. Para Vito Villar, especialista em política internacional da BMJ Consultores Associados, isso pode abrir portas para os exportadores brasileiros. “Essa diferença nas alíquotas pode favorecer os produtos brasileiros no mercado americano”, explica.
Trump justificou a medida como uma tentativa de fortalecer a indústria dos EUA e diminuir o déficit comercial, que ele estima em US$ 1 trilhão por ano. Segundo o presidente norte-americano, trata-se de uma "declaração de independência econômica" que pretende reduzir a dependência de produtos estrangeiros.
No entanto, os benefícios para o Brasil vêm acompanhados de alerta. Villar lembra que o país também corre riscos, principalmente se um excesso de produção global, gerado pela guerra comercial, acabar sendo direcionado ao mercado brasileiro. Isso poderia derrubar os preços internos e aumentar a concorrência com produtores nacionais.
Além do impacto direto no comércio com os Estados Unidos, o movimento de Trump também pode acelerar acordos comerciais alternativos, como o tratado entre Mercosul e União Europeia, que voltou à mesa com mais força após a reunião recente de países europeus com a França.