Manter a saúde das matrizes dentro de um rebanho é essencial para garantir uma estação de monta bem-sucedida. Porém, mesmo com todos os cuidados, algumas fêmeas podem não emprenhar por apresentarem falhas reprodutivas, que acabam comprometendo a produtividade da fazenda. Por isso, o descarte dessas vacas deve ser adotado pelos pecuaristas, pois também é uma forma de aumentar a rentabilidade da fazenda.
Conforme explica o zootecnista e assessor técnico da Connan, Gustavo Paranhos, o descarte de fêmeas é baseado em índices produtivos e reprodutivos. Os principais critérios utilizados para avaliar as matrizes do rebanho incluem fertilidade, habilidade materna e idade.
“A fertilidade é analisada após a estação de monta, quando se identificam as vacas que não ficaram prenhas. Com base nessa informação, é importante calcular a taxa de prenhez, e em caso de taxas abaixo do esperado, é importante identificar as causas para que seja ajustado para as próximas estações de monta”, explica.
Para isso, segundo ele, é fundamental que o produtor mantenha um histórico individual dos animais, permitindo que outros critérios sejam considerados no processo de descarte.
Na avaliação do especialista, a habilidade materna é outro aspecto importante, uma vez que vacas que não enfrentam complicações durante o parto, produzem boa quantidade de leite e desmamam bezerros mais pesados são selecionadas para compor o rebanho.
“A idade também desempenha um papel relevante, uma vez que à medida que as vacas envelhecem, elas tendem a produzir bezerros mais leves e a aumentar o intervalo entre os partos”, complementa Paranhos.
Impactos na produtividade
De acordo com o zootecnista, a produção de bovinos de corte envolve diversas etapas e é influenciada por fatores inerentes ao sistema de produção (nutrição, genética, sanidade, ambiente), e fatores externos (mercado de insumos, preço da carne).
Sendo assim, para alcançar resultados produtivos satisfatórios, o produtor deve ficar atento a todos os fatores mencionados e implementar boas práticas no sistema de produção. “Através de uma boa gestão o produtor tem a capacidade de avaliar o sistema de produção em todos os seus aspectos e identificar oportunidades de ajustes que possam melhorar o desempenho produtivo”, analisa.
As decisões devem ser fundamentadas em informações detalhadas e organizadas sobre todo o rebanho. Para isso, é essencial que o produtor mantenha um rigoroso controle zootécnico e sanitário dos animais, reunindo o máximo de dados possível.
Dessa forma, a seleção dos animais que permanecerão no rebanho será mais assertiva. “Uma gestão eficaz também permite identificar falhas que possam ter afetado a produtividade dos animais, possibilitando a alocação de recursos de forma direcionada”, acrescenta o profissional.
Cuidados durante o processo de descarte
O descarte de fêmeas, segundo Paranhos, deve ser uma prática comum em fazenda de bovinos de corte. É recomendado que anualmente 30% das vacas do rebanho sejam substituídas. Neste cenário é importante que o produtor tenha disponível novilhas de boa qualidade e em quantidade suficiente.
“No caso de o produtor ter a disposição mais de 30% dos animais para reposição, ele pode descartar mais fêmeas, o que promove uma pressão na seleção genética do rebanho, ou vender essas fêmeas como futuras matrizes para outros produtores”, orienta.
Uma vez selecionada as fêmeas de descarte, o produtor tem a possibilidade de fazer a terminação desses animais em confinamento ou a pasto. Com isso, o produtor recebe um maior valor pelo animal, no entanto é importante considerar os custos com alimentação e determinar o custo benefício.
“Se tratando de novilhas ou vacas de até 30 meses de idade, a terminação em confinamento pode ser uma estratégia interessante, tendo em vista que esse animal é mais valorizado pelo frigorifico quando comparado com vacas de idade avançada”, pondera o zootecnista.
Aporte tecnológico
Paranhos cita que, nos últimos anos, houve um aumento significativo do uso de tecnologias no meio rural, o que contribuiu para uma melhor gestão da atividade e que práticas realizadas com os animais como pesagem, identificação e manejo sanitário podem ser fornecidos imediatamente em planilhas online ou programas de gestão, e acessadas de qualquer lugar do mundo. “Isso permite que gestor acompanhe o desempenho da atividade mesmo de longe”, pontua.
Segundo ele, os programas de gestão são ferramentas importantes para os produtores, pois permitem agrupar todas as informações dos animais, calcular índices zootécnicos de forma automática e identificar os animais menos eficientes.
Além disso, métodos mais simples de armazenar as informações, como planilhas de papel ou eletrônicas, são alternativas que podem ser usadas. “No entanto, o uso destes métodos é limitado quando se tem uma grande quantidade de animais, pois se torna difícil organizar as informações e classificar os animais em determinados critérios. As chances de erros também são maiores”, finaliza Paranhos.