Assunto muito comentado e discutido entre técnicos e pecuaristas por todo o Brasil, o ganho compensatório em bovinos de corte refere-se a um ganho de peso superior ao esperado para animais que passaram por um período de restrição alimentar. A moeda do pecuarista é a carcaça, ou seja, arrobas líquidas produzidas em determinado período. Sabendo disto, o questionamento principal a respeito dessa prática é se realmente esse ganho de peso superior é convertido em carcaça.
Conforme explica o zootecnista e consultor técnico de Bovinos de Corte da Premix, Nathan Machado Cavalcante, o ganho compensatório pode ser entendido de uma forma simples, animais que passaram por restrição alimentar apresentando um ganho de peso vivo superior no período posterior a restrição, porém não refletindo em ganho superior de carcaça, muito pelo contrário, animais que passam por restrição alimentar durante a vida, possuem menor deposição de carcaça, refletindo negativamente no rendimento final no frigorífico.
Detalhadamente, segundo Cavalcante, em períodos de restrição alimentar, a menor quantidade de nutrientes para o metabolismo do animal leva o organismo a reduzir o tamanho de órgãos (fígado, rins, coração, trato digestivo, entre outros), diminuindo o gasto energético para manutenção. Com o fim da restrição, os animais apresentam um ganho de peso maior, visto que a exigência energética está menor.
Entretanto, o aumento do aporte de nutrientes e da taxa de crescimento exige que os órgãos que haviam diminuído de tamanho se desenvolvam novamente para suportar o novo metabolismo. Esse aumento do volume dos órgãos e de outros componentes não-carcaça, justifica um ganho de peso vivo superior, porém não resulta em ganho real de carcaça.
“A exploração do ganho compensatório pode ser entendida como uma falsa ilusão, pois a moeda de troca do pecuarista é a carcaça em si, então ao invés de benefícios, temos o prejuízo de uma menor deposição de carcaça durante a vida do animal”, alerta o zootecnista.
Segundo Cavalcante, para que não haja problemas de restrição alimentar, a palavre chave é planejamento, ou seja, a partir do momento em que são traçados os objetivos dentro de uma fazenda de pecuária de corte, faz-se necessário um programa nutricional anual que atenda às necessidades dos animais, suportando os ganhos almejados.
“Como estamos falando de fazendas, ou seja, uma fábrica a céu aberto, o pecuarista está sujeito a vários desafios, principalmente intempéries climáticas, como a seca prolongada e outros. Todavia, quando alinhamos os 4 pilares fundamentais para o sucesso da produção animal, nutrição, sanidade, genética e manejo, temos uma maior probabilidade de sucesso no negócio, maximizando assim o resultado financeiro da atividade”, ressalta.
Diante desse cenário, ele acredita que a tecnologia correta e a mão de obra qualificada atuando em conjunto vão imprimir uma maior velocidade ao processo de atingimento de metas produtivas e econômicas, ou seja, o treinamento de colaboradores, utilização de ferramentas / softwares de gestão, a aplicação da nutrição de precisão no rebanho, entre outros fatores, são ações que impactam diretamente no resultado.
“Para concluir, acreditamos que a pecuária moderna está evoluindo de maneira rápida, de forma que possamos otimizar a utilização dos recursos disponíveis, produzindo mais, com menos, tendo como meta um crescimento sustentável, que respeite de forma igual as questões econômicas, ambientais e sociais”, arremata o zootecnista.