Fatores de risco não infecciosos podem aumentar a taxa de natimortalidade em leitões

Suinocultores precisam estar atentos aos principais indicadores

André Luiz Casagrande
20/06/2025 09h06 - Atualizado há 15 horas
Fatores de risco não infecciosos podem aumentar a taxa de natimortalidade em leitões
Foto: Reprodução

O número de leitões desmamados por fêmea ao ano é um dos indicadores mais relevantes da suinocultura. Em 2024, por exemplo, a média geral das granjas brasileiras apresentou aumento de 1,08 leitões desmamados/fêmea/ano em relação aos dados de 2020 (29,99 vs. 28,91 respectivamente, conforme mostra o Relatório Agriness 2024).

Isso significa que o aumento do número de leitões natimortos pode influenciar diretamente essa variável. Em 2024, o percentual de natimortos e mortos ao nascer nas granjas brasileiras variou entre 5,19% e 8,40%. Aproximadamente 10% das mortes ocorrem pouco antes do parto, 75% durante o parto e 15% imediatamente após o parto.

As mortes pré-parto geralmente estão associadas a causas infecciosas. Já as mortes ocorridas durante o parto e após o parto são decorrentes de causas não infecciosas. “Quando falamos em fatores de risco não infecciosos para a natimortalidade, nos referimos a alguma condição ou situação relacionada ao ambiente, à estrutura da granja e manejo ou nutrição que aumentam a probabilidade da fêmea suína apresentar leitões natimortos no momento do parto”, explica a médica-veterinária da Auster Nutrição Animal. Laura dos Santos. .

Entre esses fatores, segundo a especialista, podemos destacar a duração da gestação, o tamanho da leitegada - que está diretamente relacionado à duração do parto - a idade das fêmeas, a qualidade do atendimento ao parto e outros fatores relacionados ao próprio leitão, como ordem de nascimento e peso ao nascimento.

Pontos de atenção para os suinocultores

De acordo com Laura, é importantíssimo que os produtores de suínos estejam atentos a alguns pontos. Dentre eles, ela destaca a classificação e sinalização das fêmeas de risco alguns dias antes do parto, especialmente aquelas que apresentaram um índice alto de natimortos nos partos anteriores ou dificuldades no parto, com aumento no tempo de duração.

“Uma das práticas mais eficientes é o uso de fichas coloridas para identificar as celas das fêmeas com o histórico de risco. Essa simples ação vai facilitar a visualização e permitir que a equipe de maternidade redobre a atenção e os cuidados com elas no momento do parto”, orienta a veterinária.

Outro ponto importante citado por Laura é o momento de indução do parto. Antes de estabelecer um protocolo de indução, ela observa que é essencial conhecer a média de duração da gestação das fêmeas da própria granja. A veterinária acrescenta ainda que cada granja e linhagem genética tem as suas particularidades, por isso, induções feitas de forma precoce ou de forma padronizada, sem esse conhecimento, pode comprometer o sucesso do parto e aumentar as taxas de natimortalidade.

Gestão e manejo

A gestão, na avaliação da especialista, tem papel fundamental em todos os processos. O controle de dados como número de fêmeas parindo, número de nascidos, leitões desmamados, mortalidade e a organização da rotina diária com a equipe são muito importantes, pois quando isso é bem conduzido, a gestão contribui muito para o sucesso dos resultados.

“Além disso, é importante ressaltar que a gestão pode e deve atuar também na capacitação da equipe, promovendo treinamentos teóricos e práticos. A equipe precisa estar preparada para agir de forma assertiva em situações críticas, especialmente quando a gente fala no atendimento ao parto. A habilidade de tomar decisões rápidas e que sejam eficazes pode fazer toda a diferença na redução da natimortalidade”, acrescenta Laura.

Segundo ela, embora a tecnologia seja uma grande aliada, o fator humano continua sendo essencial. O atendimento ao parto realizado pela equipe, com acompanhamento contínuo e um suporte adequado é um dos principais pilares na redução da natimortalidade. “Quando há assistência prolongada os resultados positivos com certeza virão”, conclui a veterinária.


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