Atenção aos vermes em bovinos

Ameaça constante, eles impactam a saúde e a rentabilidade da pecuária

André Luiz Casagrande
09/05/2025 09h24 - Atualizado há 1 dia
Atenção aos vermes em bovinos
Foto: Reprodução

A saúde dos bovinos é um dos pilares para garantir produção eficiente e sustentável de carne e de leite. Entre os diversos fatores que afetam o desempenho dos animais, as infestações por vermes representam um grande desafio para os pecuaristas. 

Esses parasitas intestinais podem prejudicar gravemente a saúde dos bovinos, comprometendo sua produtividade e elevando os custos de manejo devido aos impactos negativos em ganho de peso, fertilidade e qualidade do leite. Infestações por vermes representam uma ameaça constante que requer gestão cuidadosa e responsável.

“A gestão sanitária é fundamental para o sucesso da pecuária, pois as verminoses bovinas impactam diretamente no desempenho produtivo e econômico dos rebanhos. Elas provocam perdas de peso, redução na produção de carne e leite, comprometimento da fertilidade e aumento da susceptibilidade a outras doenças”, destaca a médica-veterinária Marcella Vilhena, gerente de marketing da Syntec.. 

Além disso, segundo ela, a verminose tem evolução crônica e subclínica na maioria dos casos (95%), o que dificulta sua detecção visual e favorece prejuízos silenciosos. “Um manejo sanitário adequado, com medidas profiláticas e programas de controle bem estabelecidos, pode proporcionar ganhos expressivos a um custo reduzido”, alerta.

Estratégias de manejo

Conforme explica Marcella, dentre as principais estratégias para um manejo mais assertivo estão o conhecimento da epidemiologia parasitária, com base em dados locais e sazonais, tratamentos estratégicos e seletivos, com base em exames como OPG (ovos por grama de fezes), a rotação e alternância de princípios ativos antiparasitários, para evitar resistência, o controle ambiental, como vedação de pastagens, quarentena de animais novos e redução da lotação, além do estabelecimento de calendários profiláticos, adaptados às condições climáticas e epidemiológicas da região.

Ela cita que o uso de vermífugos é uma das formas mais comuns de controle, entretanto, é importante que seja realizado com cautela. A escolha do antiparasitário deve ser baseada no tipo de verme presente na propriedade e nas condições específicas da região. 

"A realização de exames periódicos, como a contagem de ovos por grama de fezes, permite identificar a presença de parasitas e determinar o melhor tratamento e o momento mais adequado para administrar vermífugos. O monitoramento contínuo também é essencial para avaliar a eficácia dos tratamentos e ajustar as estratégias conforme necessário", ressalta a veterinária.

Tecnologia e capacitação de mão-de-obra

Na avaliação da especialista, a introdução da tecnologia tem nas atividades tem contribuído de diversas formas para a evolução do segmento. Dentre as contribuições, ela cita os avanços na genética animal, como a identificação de animais resistentes por análise de DNA metilado e o desenvolvimento de novos antiparasitários, com espectros de ação mais amplos e maior segurança.

“Também temos os estudos em biotecnologia para o desenvolvimento de vacinas, ainda que não disponíveis comercialmente, e os sistemas integrados, como a ILPF(Integração Lavoura Pecuária Fazenda), por exemplo, que contribuem para o controle sanitário e melhora do ambiente de produção”, acrescenta a veterinária.

Para Marcella, tanto a capacitação dos profissionais para a utilização dessas novas tecnologias, quanto a gestão eficiente das propriedades são pilares do desenvolvimento sustentável, uma vez que, sem o conhecimento técnico, o uso inadequado de antiparasitários e a ausência de protocolos sanitários adequados levam a desperdícios, aumento da resistência parasitária e prejuízos econômicos. 

“A formação contínua permite decisões baseadas em evidências, adoção de novas tecnologias e práticas de manejo integradas, que equilibram produtividade, bem-estar animal e preservação ambiental. Isso é essencial para garantir competitividade e sustentabilidade no cenário atual da pecuária brasileira” conclui a veterinária.


Notícias Relacionadas »